Em ato convocado pela Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), centenas de mulheres realizaram uma manifestação contra a reforma da Previdência em frente à sede do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), no viaduto Santa Efigênia, em São Paulo, na sexta-feira (29).
Com a palavra de ordem “Ruim para todos, pior para as mulheres”, o ato contou com a participação das Centrais Sindicais (CTB, Força Sindical, CUT, Nova Central, CGTB, CSP-Conlutas), entidades do movimento negro (Congresso Nacional Afro-Brasileiro – CNAB e União de Negros e Negras Pela Igualdade – UNEGRO), do movimento estudantil (União Nacional dos Estudantes – UNE e União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo – UMES-SP), dos aposentados (Confederação Brasileira dos Aposentados – COBAP e Sindicato dos Aposentados de São Paulo), além de outras entidades de mulheres, como a União Brasileira de Mulheres (UBM).
A proposta prevê aumento no tempo mínimo de contribuição de 15 para 20 anos e aumenta a idade mínima para a mulher se aposentar para 62 anos.
Gláucia Morelli, presidente da CMB, argumenta que “74% dos municípios brasileiros têm como principal motor de sua economia as aposentadorias. Querem acabar até com o abono do PIS, que hoje vai para os trabalhadores que recebem até dois salários mínimos, diminuindo o critério para um salário mínimo. Segundo o Dieese, se essa regra funcionasse em 2016, dos 41 milhões de trabalhadores que receberam o PIS, apenas 3 milhões receberiam o abono”.
Para Maria Auxiliadora, Secretária Nacional da Mulher da Força Sindical, “a reforma da previdência também é uma violência, em especial contra as mulheres que já recebem um salário menor que o do homem e ainda perderão em aposentadorias”.
Segundo Marcela Azevedo, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, essa reforma “aprofunda as desigualdades que as mulheres já enfrentam no mercado de trabalho, desconsiderando a dupla jornada da mulher com o trabalho doméstico, aumentando a idade mínima e o tempo de contribuição, que vai significar para nós, mulheres, morrer sem se aposentar.”.
Essa reforma tem como objetivo de fundo “acabar com nossa previdência, com nossa seguridade social”, disse Ivânia Pereira da Silva Teles, vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Para Ana Maria Pimentel, secretária de Relações Internacionais da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), “essa reforma é um dos maiores crimes contra o povo brasileiro e está envolta em mentiras. Querem desconstitucionalizar, transformando as regulamentações em lei ordinária para poder aprovar a capitalização que deu errado em todos os lugares por onde passou. Vejam o exemplo do Chile, onde os idosos se suicidam por falta de alternativas”, disse.
“Enquanto isso, mais de R$ 1 trilhão vão para os bancos por meio dos juros da dívida. A previdência, por sua vez, representa 24% do orçamento, 2° maior, ficando atrás apenas dos juros astronômicos”, completou Maria.
Sabrina Feitosa, diretora da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP), afirmou que “no ato que os estudantes realizaram ontem em todo o país, a maioria eram mulheres. O mesmo aconteceu no dia 22 de março, no ato unificado das Centrais Sindicais. Pois vai ser com essa unidade entre homens e mulheres, trabalhadores e estudantes, que vamos derrotar nas ruas a reforma da Previdência, a ‘escola sem partido” e demais maldades que esse governo tenta implementar. Vai ser na unidade, com uma frente ampla, que derrotaremos Bolsonaro”, disse.
Após o ato em frente à sede do INSS, as mulheres saíram em passeata até a Praça do Patriarca, no centro da capital paulista.
RODRIGO LUCAS