As multinacionais que ocuparam o setor de ensino superior privado no país continuam se expandindo e aproveitaram a pandemia para ampliar seus lucros com o ensino à distância. Após um processo dos últimos anos que permitiu a aquisição e abertura de universidades por grupos privados e estrangeiros, os conglomerados de capital aberto Ânima, Kroton, Cruzeiro do Sul, Ser Educacional e Yduqs viram no isolamento social a oportunidade de ampliar as matrículas no ensino on-line e de baixa qualidade.
A base total de alunos dos grupos – que juntos possuem 2,3 milhões de alunos no Brasil, ou 35% do ensino privado – chegou a crescer até 22,7% sobre o mesmo período de 2020.
As multinacionais que lucram com um ensino duvidoso no Brasil já concentravam as ofertas de vagas para cursos virtuais que não requerem estrutura. São 1,4 milhão de alunos atualmente matriculados nos cursos à distância, enquanto a graduação presencial possui 800 mil estudantes. Diante das restrições de circulação e da suspensão das aulas presenciais, as multinacionais passaram a capturar mais alunos. Ânima, Cruzeiro do Sul, Ser Educacional e Yduqs passaram tão bem durante a pandemia que chegaram a adquirir novos ativos.
O destaque foi o crescimento de novas matrículas da Ser Educacional para o ensino on-line: + 209%. Segundo o presidente do Ser Educacional, Jânyo Diniz, o aluno pode terminar o curso em 18, 24 meses, um período bem menor do que a maior parte das graduações autorizadas pelo Ministério da Educação, de ao menos 48 meses de duração.
Para atrair novos alunos, é uma prática conhecida das universidades a oferta de descontos mirabolantes nas primeiras mensalidades – o que favorece as matrículas, mas também a evasão e inadimplência futuras, principalmente em um momento de alto desemprego e queda na renda.