No primeiro adeus a George Floyd, na cidade de Minneapolis, Estado de Minnesota, onde ele foi morto por asfixia com o joelho no pescoço por um policial depois de algemado e sem oferecer resistência, chamou a atenção na quinta-feira (4) a emoção do prefeito democrata da cidade, Jacob Frey, que ao chegar à capela da Universidade Central do Norte, repetiu o gesto de ajoelhar, transformado em símbolo de denúncia e superação por multidões por todo o país que exigem justiça e fim do racismo, repetindo o gesto popularizado pelo astro do futebol americano Colin Kaepernick que, por ousar fazê-lo, está há meses sem contrato.
Visivelmente tocado até às lágrimas, Frey apoiou a mão sobre o caixão fechado de Floyd, num momento de prece e homenagem. Também presentes o prefeito da vizinha Saint Paul, Melvin Carter, o governador do estado, Tim Waltz, a deputada Ilhan Omar, e as senadoras Amy Klobuchar e Tina Smith.
O ato foi presidido pelo veterano líder dos direitos civis, reverendo Al Sharpton, e com a participação do único filho de Martin Luther King ainda vivo, Martin Luther King III, acompanhado da família, e do reverendo Jesse Jackson. Com a velha geração de combatentes pela igualdade vendo uma fornada de jovens ativistas antirracismo, recém chegada das ruas, e sentada a seu lado e dos familiares de George Floyd.
Presentes ainda artistas, personalidades e o ex-astro do basquete Stephen Jackson, amigo de infância de Floyd, que foi a pessoa que levou a filha caçula dele, Gianna, a Minneapolis. Onde ela traduziria o turbilhão que está vivendo, na percepção de que “Papai mudou o mundo”.
De acordo com o advogado da família, Ben Crump, que lembrou que Floyd foi identificado pela autópsia como infectado pela Covid-19, o que o matou foi “a pandemia de racismo e discriminação”.
No país inteiro, multidões vêm repetindo a homenagem a George, ficando por 8 minutos e 46 segundos, o tempo que durou sua tortura até à morte pelo policial branco Chauvi, em silêncio.
Protestos em que o que mais chamou a atenção do reverendo Sharpton, como ele fez questão de registrar, se dizendo mais esperançoso do que nunca, foi de que, em vários casos “os jovens brancos superavam os negros marchando” contra o racismo e a justiça.
Lembrando os versos do Eclesiastes, o reverendo disse que esse apoio, que também está acontecendo em várias partes do mundo, estavam dizendo a ele que se trata de uma época diferente e uma estação diferente. “Eu vim para dizer a vocês, América, este é o momento”.
Repudiando os arroubos de Trump contra os manifestantes, Sharpton conclamou a fazer “a América grande para todos pela primeira vez” – e não só para uns muito poucos. E, expressando toda a indignação, mas também toda a consciência adquirida por centenas de milhares, milhões de pessoas nas ruas pois “vidas de negros importam”, o reverendo exigiu: “tire seu joelho dos nossos pescoços”.