O secretário de Saúde do Espírito Santo, Nésio Fernandes, defendeu a continuidade dos estudos e a autorização da aplicação em crianças da vacina CoronaVac, fabricada pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
Nésio criticou nas redes sociais, a passividade do Ministério da Saúde em auxiliar nos estudos e garantir o uso de vacinas no público infantil. Ele ainda cobrou que o governo federal atue para garantir a imunização das crianças, já que o público de 0 a 11 anos é o não tem vacina contra a Covid-19 liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Temos reiterado a recomendação ao Ministério da Saúde que adote proatividade no desenvolvimento de estudos para subsidiar o uso de vacinas em idades pediátricas. Não podemos ser expectantes, adotando postura passiva, esperando o “fabricante apresentar documentos”, defendeu o secretário.
Nésio também destacou que a CoronaVac é uma vacina segura e eficaz, sendo inclusive utilizada em crianças em outros países.
A China foi o primeiro país do mundo a aprovar o uso de uma vacina contra a Covid-19 para crianças e adolescentes. Em junho, autorizou a aplicação da CoronaVac a partir dos 3 anos de idade. No Chile, a vacinação com CoronaVac está autorizada a partir dos 6 anos.
Já no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) rejeitou, em junho, o pedido para incluir crianças a partir de 3 anos entre as pessoas que podem receber a vacina. O órgão solicitou que fossem realizados mais estudos sobre a eficácia do imunizante e passou a ignorar a utilização do imunizante em crianças.
“É praticamente um consenso na comunidade científica que plataformas de vírus inativado sejam seguras e que podem ter preferência para idades pediátricas. A CoronaVac de produção Brasil, vacina segura e eficaz, já é utilizada em crianças em diversos países”.
O secretário afirmou apoiar os estudos salvará as crianças da Covid-19, mas que a passividade só serve “para alimentar narrativa política no contexto da polarização”. Ao defender a CoronaVac, Nésio lembrou ainda que ela tem custo inferior a Pfizer. Enquanto a brasileira custa 10 dólares, a americana custa 15.
Em seguida, Nésio criticou a “passividade” da Anvista. “Só serve para alimentar narrativa política no contexto da polarização. A proatividade serve a política pública de saúde, protege o SUS, a ciência e salvará nossas crianças da Covid-19.
Crianças imunizadas com CoronaVac tem resposta imune muito eficiente, defende infectologista
Para Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), já há novos dados que podem permitir que a Anvisa reavalie e permita o uso da CoronaVac em crianças.
“Das vacinas que a gente está usando até agora, a CoronaVac é a que tem menos associação com evento adverso grave. Não tem nenhum até agora associado a ela de forma grave, o que para as crianças é muito importante. Não há dúvida que as vacinas que hoje estão sendo utilizadas têm uma análise de risco muito favorável. Elas trazem mais benefício do que prejuízo”, explicou.
“Paralelamente a isso, as crianças, de maneira geral, com uma dose menor da vacina, conseguem montar uma resposta imune muito eficiente. Elas atingem índices de eficácia muito altos, melhores do que os adultos. A CoronaVac tem uma efetividade inferior às outras, mas, para as crianças, isso não seria um problema porque ela propiciaria aquilo que elas precisam de uma forma muito segura”, completou.