Uma nova vacina chinesa, a Clover, da fabricante Sichuan Clover Biopharmaceutical, mostrou 100% de eficácia contra casos graves e hospitalizações para qualquer cepa circulante do novo coronavírus, conforme estudo de fase 3 com 30 mil voluntários em cinco países, entre eles, o Brasil.
A vacina da Clover é recombinante da proteína S do Sars-CoV-2, aplicada em duas doses com intervalo de 22 dias. Sua submissão já foi iniciada junto à Agência Europeia de Medicamentos (EMA). Será a primeira usando essa tecnologia na Europa.
A pesquisa começou em março passado. Contra casos leves e moderados, a eficácia demonstrada foi de 84%, sendo ligeiramente menor para a Delta (79%). Mas para a Gama, uma variante que circula no Brasil, foi inclusive maior, de 92%.
Para a coordenadora dos testes no Brasil, Sue Ann Costa Clemens, além da alta eficácia, o destaque da nova vacina é atuar contra as variantes que mais preocupam. Ela é docente de Oxford e chefe do comitê científico da Fundação Bill e Melinda Gates. É, ainda, diretora do primeiro mestrado em vacinologia do mundo, na Universidade de Siena.
“É importante porque, no geral, as vacinas foram desenvolvidas para mostrar eficácia contra a cepa original. Todos os casos positivos que surgiram ao longo do estudo foram sequenciados e não foi detectado nenhum da cepa original, em nenhum país. Isso mostra que essa cepa foi substituída em nível mundial em apenas um ano”, sublinhou.
Dos casos positivos, 38% foram provocados pela variante Delta, 25% pela Mu, 9% pela Gama e 8% pela Beta, entre outros. Os resultados já foram enviados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e há expectativa de uma reunião a respeito em breve.