Após mais um aumento dos combustíveis e o cancelamento por parte do governo de uma reunião que estava agendada para esta terça-feira (26) com lideranças da categoria e a Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, representantes dos caminhoneiros reafirmam que a greve, marcada para o dia 1º de novembro, continua de pé.
“A greve está mantida. A categoria já deliberou. E não esperávamos um percentual tão alto nesse novo reajuste da Petrobrás. Os caminhoneiros estão trabalhando para colocar combustível. A questão agora é de sobrevivência”, afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava) Wallace Landim, conhecido como Chorão, ao site O Antagonista.
Na contramão da principal reivindicação dos caminhoneiros, que é a mudança na política de preços da Petrobrás, nesta terça-feira, o segundo reajuste consecutivo dos combustíveis já passa a valer. O aumento é de 7,04% para a gasolina e de 9,15% para o diesel. No ano, o diesel já acumula alta de 65,3% nas refinarias, e a gasolina subiu 73,4% no mesmo período.
Além do preço do diesel, outras reivindicações da categoria é a defesa da constitucionalidade do Piso Mínimo de Frete e o retorno da aposentadoria especial após 25 anos de contribuição ao INSS.
Não à toa, um levantamento feito pela Fretebras, plataforma de transporte de cargas, revelou que 59% dos caminhoneiros apoiam a greve da categoria.
Segundo o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, “o governo a cada dia dá mais motivo para ficar em descrédito com seus apoiadores. Vai ser um movimento nacional. Estamos chamando para parar o país de norte a sul e de leste a oeste”.
Assim como outras lideranças do movimento, Litti afirma que “a política de preços de paridade internacional (PPI) é equivocada e está visando apenas dar lucros aos acionistas da Petrobrás”.
Referindo-se à promessa feita por Bolsonaro na semana passada, de que daria um auxílio-diesel de R$ 400 aos caminhoneiros, Wallace Landim, o Chorão, diz que “os R$ 400 propostos pelo presidente não atendem às demandas dos caminhoneiros. Se o governo não sinalizar nada até o dia 31, no dia 1º vamos amanhecer de braços cruzados. A categoria deliberou isso”.
Sobre o auxílio prometido por Bolsonaro, Carlos Litti afirma: “Caminhoneiros não querem esmola – querem dignidade”.
As lideranças afirmam que, ao contrário do que ocorreu na paralisação de 2018, a “orientação agora é não fechar rodovias para não prejudicar o direito de ir e vir de ninguém”.
O caminhoneiro Gustavo Ávila, que tem grande influência entre os colegas de estrada, e confessa que fez campanha para Bolsonaro, afirma que é totalmente a favor da greve.
“Adesivei meu caminhão e o de vários colegas, fizemos carreatas. Mas neste momento nós vamos parar o caminhão para que o presidente possa de fato cumprir o que ele prometeu em campanha e interferir na política de preço da Petrobrás, e que a gente passe a usar o preço do óleo diesel aqui no Brasil em real e não em dólar. Esse é o momento, não tem como a gente continuar dessa forma, não tem como manter, não dá mais para trabalhar, então vamos nos unir neste momento e fazer as reivindicações que a categoria precisa”, disse.