RAUL CARRION (*)
Nesta sexta-feira, a Câmara dos Deputados aceitou e manteve a prisão preventiva decretada pelo STF contra o “deputado miliciano” Daniel Silveira, da PM do RJ, bolsonarista “raiz”, cuja principal característica sempre foi a truculência.
Foi esse deputado que tripudiou sobre o assassinato de Marielle, rompendo a placa da Rua que a homenageia na capital carioca.
O motivo que causou sua prisão foi a colocação nas redes de um vídeo atacando o Ministro Fachin, o STF, a democracia e a Constituição (e também os comunistas), fazendo a apologia do Ato Institucional n°5, que cassou mandatos, acabou com as eleições, fechou o Congresso, liquidou a liberdade de expressão, eliminou o “habeas-corpus”, generalizou sequestros, torturas e assassinatos dos opositores.
A ação desse miliciano não foi um ato isolado, mas articulado com dezenas de atos e conclamações contra o Estado Democrático de Direito, uma das quais foi a declaração do “boçal ignaro” de que “quem decide se vai haver democracia ou não no país são as Forças Armadas”…
Outra, foi a confissão do ex-ministro do Exército, general Villas Bôas, reconhecendo que o Exército ameaçou o STF por ocasião do julgamento da libertação de Lula.
Seguindo o “figurino” dos movimentos fascistas de se imporem através da atemorização da sociedade, o “truculento” ameaçou a todos e ainda desafiou o Supremo a prendê-lo…
Só que “o tiro saiu pela culatra” e o Ministro Alexandre de Moraes não vacilou em mandar prendê-lo imediatamente.
O “valentão”, já no xilindró ainda ameaçou “fazer e acontecer”…
Chamada a manifestar-se – confirmando ou suspendendo essa prisão – a Câmara dos Deputados manteve a sua prisão, através de uma votação acachapante de 364 votos contra apenas 130!
De nada adiantaram os seus pedidos de desculpas, suas referências à família e sua choradeira, de “valentão” transformado em um gatinho acovardado, que “miou”…
E o seu mentor – inquilino do Palácio do Planalto – foi aconselhado a ficar quieto e não se meter no “imbróglio”, e assim o fez, abandonando o seu pupilo…
Foi a vitória de uma ampla unidade – de caráter pontual – que juntou a esquerda, o centro, a direita liberal e a maioria do próprio “centrão”, para defender o Estado Democrático de Direito.
Foi uma grave derrota de Bolsonaro e da ultra-direita.
Sua importância é ainda maior se considerarmos que, há poucos dias, o bolsonarismo e a ultra-direita, em aliança com o Centrão, haviam conquistado a presidência da Câmara dos Deputados e ameaçavam isolar a esquerda.
E o debate no plenário serviu para uma forte denúncia do AI-5, da ditadura e das ameaças à democracia.
COM AMPLITUDE É POSSÍVEL DETER O FASCISMO! A LUTA SEGUE!
(*) Historiador e membro da Comissão Política do PCdoB/RS. Foi vereador de Porto Alegre em três legislaturas e deputado estadual do RS por duas legislaturas. Atualmente, preside a Fundação Maurício Grabois-RS.