Oito ex-executivos da empreiteira OAS assinaram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público Federal e revelaram que o grupo pagou cerca de R$ 200 milhões em propina todo ano até se tornar alvo da Operação Lava Jato em 2014.
Os colaboradores, que trabalhavam numa área denominada Controladoria – que, na verdade, funcionava como departamento responsável pela distribuição de dinheiro ilegal da empresa – relataram também que o departamento de propina contava com uma rede de doleiros para remessas ilegais ao exterior.
As informações serviram de base para a Operação Sem Fundos, 56ª fase da Operação Lava Jato, que investigou desvio de verbas nas obras da Torre Pituba, sede da Petrobrás na Bahia.
Em 23 de novembro passado, juíza Gabriela Hardt, substituta de Sérgio Moro na Lava Jato, determinou a prisão de 22 pessoas, entre elas o herdeiro da OAS, César Mata Pires Filho, executivos da empreiteira, diretores do Petros e pessoas ligadas ao PT.
As obras da Torre Pituba, tocadas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht, foram pagas pelo Petros (fundo de pensão dos funcionários da estatal). A Petrobrás se comprometeu a alugar o edifício por 30 anos. Conforme a Polícia Federal, houve superfaturamento nos contratos de gerenciamento da construção, de elaboração de projetos de arquitetura e de engenharia.
Os policiais vinham investigando o caso com base em depoimentos de ex-funcionários da Odebrecht. Os depoimentos de delatores da OAS fortaleceram os indícios. As investigações apontam que a construção da Torre Pituba gerou mais de R$ 68 milhões em propina.
Os delatores da Controladoria foram detalhistas ao relatar um esquema de doleiros para pagar suborno no exterior. Entre eles, estavam Jorge Davies, que foi alvo da Operação Câmbio, Desligo, feita no Rio de Janeiro e que mirou o mercado clandestino de dólar, e Alberto Youssef. Os ex-executivos também descreveram encontros em hotel para a entrega de dinheiro vivo a políticos e agentes públicos.