Famílias começaram a colocar pulseiras nos filhos com os nomes, ou a escrever na pele com caneta, para que possam ser identificados em caso de serem mortos e soterrados.
Pelo menos 45% de todas as unidades habitacionais de Gaza – cerca de 200.000 – foram danificadas ou destruídas pelos bombardeios de Israel ao território palestino, denunciou o Escritório para Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) na quinta-feira (26).
Entre as áreas mais atingidas estão Beit Hanoon, Beit Lahiya, Shujaiya, os bairros em redor do campo de refugiados de Shati, e Abasan al-Kabira em Khan Younis.
Ainda segundo a ONU, já são 1,4 milhões de pessoas que foram forçadas a fugir diante do bombardeio criminoso, com cerca de 629 mil abrigados em 150 abrigos de emergência da ONU.
“O bombardeio “apagou famílias inteiras do registro civil”, bem como “bairros e comunidades residenciais”, disse Mohammad Ziyara, ministro palestino de Obras Públicas e Habitação. “Também destruiu instalações, incluindo hospitais, locais de culto, padarias, postos de abastecimento de água, mercados, escolas e instituições educacionais e de serviço”.
Diante dos bombardeios inclementes de Israel, as famílias começaram a colocar pulseiras nos filhos com os nomes, ou a escrever na pele com caneta, para que possam ser identificados em caso de serem mortos e soterrados.
Também na quinta-feira, o subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, cujo visto para entrar em Gaza foi negado por Israel, disse que a comunidade internacional até agora não conseguiu cumprir os seus deveres humanitários básicos e proteger os civis palestinos no meio da contínua campanha de bombardeamentos israelitas.
Os “pesados bombardeios” de Israel estão “piorando”, mesmo em partes do enclave que deveriam ser seguras, e a ajuda “mal chega”, escreveu Griffiths em comunicado publicado no X (anteriormente conhecido como Twitter).
“As regras da guerra são claras: os civis devem ser protegidos e ter o essencial para sobreviver, onde quer que estejam e quer decidam mudar-se ou ficar”, afirmou o responsável, numa aparente referência ao apelo de Israel aos residentes de Gaza para se mudarem para sul no meio os contínuos ataques aéreos.
Griffiths, que também é coordenador de ajuda de emergência da ONU, já criticou anteriormente a ordem de evacuação de Israel, dizendo que “desafia as regras da guerra e da humanidade básica”. Forçar “civis assustados e traumatizados” a abandonarem as suas casas no meio de intensos bombardeamentos “sem sequer uma pausa nos combates e sem apoio humanitário, é perigoso e ultrajante”, disse ele em 13 de Outubro.