Uma operação conjunta entre Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) resultou na morte de 26 suspeitos de pertencerem a uma quadrilha roubos a bancos em Varginha. De acordo com a PM, 25 dos mortos são suspeitos de ser especialistas neste tipo de crime.
A Polícia Militar confirmou que os homens mortos têm relação com crimes cometidos contra instituições financeiras em Uberaba (MG), Araçatuba (SP) e Criciúma (SC). Conforme a PM, a quadrilha se preparava para atacar um centro de distribuição de valores do Banco do Brasil em Varginha e detinha armamento de guerra.
Segundo a polícia, os suspeitos foram mortos após entrarem em confronto com a polícia. Nenhum PM ficou ferido ou morreu.
“Entraram em confronto com os nossos policiais militares e tiveram a resposta devida. A gente quer evitar a todo momento confronto, não vamos aqui comemorar nenhuma morte, isso não é intenção da Polícia Militar de Minas Gerais nem da Polícia Rodoviária Federal, mas sim, uma ação precisa da nossa inteligência, trabalho conjunto da inteligência da PRF. Ações como essa sempre serão pautadas pela legalidade, a gente só fez aqui responder à altura aquele risco que nossos policiais sofreram”, disse a capitão da PM, Layla Brunnela.
Ninguém foi preso na operação, o que dificulta a investigação da Polícia Federal, que deve apurar de onde vieram as armas e se os mortos faziam parte de alguma facção criminosa.
Segundo a PM, os confrontos ocorreram em duas abordagens diferentes. Na primeira, segundo a polícia, os suspeitos atacaram as equipes da PRF e da PM, sendo que 18 criminosos morreram no local.
Em uma segunda chácara, de acordo com a informação oficial, foi encontrada outra parte da quadrilha e nesse local, após intensa troca de tiros, sete suspeitos morreram.
Durante as duas abordagens, foram recuperados, explosivos, armas longas ponto 50 e 10 fuzis, além de outras armas, munições, granadas, coletes, miguelitos e 10 veículos roubados.
CASEIRO
Um caseiro que trabalhava em um dos sítios está entre os 26 mortos da ação, segundo a Polícia Civil.
Mesmo polícia não sendo juiz, a Polícia Militar justificou a morte do caseiro dizendo que ele sabia da ação da quadrilha e seria responsável por enterrar e desenterrar os explosivos e portanto, não era ‘inocente’.
“As informações iniciais desse caseiro é de que participava dessa quadrilha, apoiava essa quadrilha, inclusive a ponto 50 foi localizada dentro da residência que ele ocupava e parte dos explosivos foi enterrada e desenterrada por esse caseiro. Então ele não estava ali na condição de inocente ou fazendo um trabalho específico no sítio, mas sabia da situação e participava, essas são as informações iniciais que serão por óbvio confirmada pela Polícia Federal e Polícia Civil”, disse a capitão da Polícia Militar, Layla Brunnela.
INVESTIGAÇÃO DAS MORTES
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais vai apurar a morte das 26 pessoas na operação.
A informação foi confirmada pela deputada Andréia de Jesus (PSOL), presidente da comissão na ALMG. “Sou solidária às mães e familiares que estão passando por um momento tão difícil e afirmo que a Comissão de Direitos Humanos está acompanhando o caso e vamos cobrar respostas”, disse.
Ainda de acordo com a parlamentar, ao longo desta semana a comissão vai emitir ofícios para órgãos como a PM e a PRF para entender melhor como o caso aconteceu. O Ministério Público de Minas (MPMG) e a Secretaria de Segurança Pública também serão acionados.
A deputada ainda fez críticas à atuação dos agentes. “Uma operação policial exitosa é uma operação que não deixa óbitos para trás”, disse a parlamentar. Ela também defendeu que os mortos tivessem sido responsabilizado pelo crime que cometeram. “Um crime contra patrimônio não justifica a retirada de vida, seja de quem quer que seja”, acrescentou.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública também pede que uma investigação seja feita para apurar a ação.
“A gente sempre lembra que o policial só é policial porque pode fazer o uso da força e essa força pode chegar a matar outra pessoa, mas isso não se faz desprovido de regras e limites, é preciso entender se nessa operação em Minas Gerais houve um abuso desse limite, ultrapassou-se esse limite para gerar 25 mortes. Como eu disse, é muito raro no Brasil que uma única operação policial tenha como resultado, além da grande apreensão de armas, a frustração de um crime como assalto a bancos como vem acontecendo Brasil afora, o resultado de 25 mortes. É preciso esforço do Ministério Público e das corregedorias das polícias investigar se houve ou não abuso ou houve ou não letalidade policial”, disse o membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Ivan Marques.