O Conselho de Direitos Humanos da ONU realiza nesta quarta-feira (17) uma reunião de emergência, a pedido dos 54 países africanos, para discutir o ‘racismo sistêmico nos EUA’, país onde não cessam de ocorrer assassinatos de cidadãos negros e manifestantes contra a brutalidade e o racismo foram duramente reprimidas nas recentes semanas.
A reunião foi solicitada, em nome desses países, pelo embaixador de Burkina Faso, Dieudonné Désiré Sougouri, para analisar a proposta de criação de uma comissão internacional independente de inquérito sobre “racismo sistêmico” nos Estados Unidos.
A investigação também foi pedida recentemente ao Conselho de Direitos Humanos da ONU pelos familiares de George Floyd e de outros cidadãos negros assassinados por policiais e aos quais têm sido negada a justiça, reivindicação endossada por 600 entidades norte-americanas antirracistas.
Para os países africanos, o caso de Floyd “não é um incidente isolado”. Em carta ao Conselho, Sougouri instou à urgente realização de um “debate urgente sobre as atuais violações de direitos humanos de inspiração racial, racismo sistêmico, brutalidade policial contra pessoas de ascendência africana e violência contra manifestações pacíficas”.
Os EUA não são atualmente membros do Conselho de Direitos Humanos, o governo Trump se retirou da organização em 2018 alegando críticas do órgão aos abusos israelenses nos territórios palestinos ocupados.
Ainda segundo a carta enderaçada à austríaca Elisabeth Tichy-Fisslberger, “os trágicos eventos de 25 de maio de 2020 em Minneapolis, EUA, que resultaram na morte de George Floyd, provocaram protestos em todo o mundo contra a injustiça e a brutalidade que as pessoas de ascendência africana enfrentam todos os dias em muitas regiões do mundo”.
No projeto de resolução, visto pela AFP, o grupo de países africanos condena veementemente “as práticas raciais discriminatórias e violentas da polícia contra africanos e pessoas de origem africana e o racismo estrutural endêmico do sistema penal, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo”.
Eles exigem o estabelecimento de uma comissão internacional independente de inquérito, uma estrutura de alto nível reservada para grandes crises globais. Seu objetivo seria “levar à justiça os autores” da violência.
Os investigadores também devem considerar “as respostas dos governos nos níveis federal, estadual e local a protestos pacíficos, incluindo o uso alegado de força excessiva contra manifestantes, transeuntes e jornalistas”. Se adotada a proposta de resolução, as conclusões desta comissão devem ser entregues dentro de um ano.