Também nesta segunda-feira, (21), militares críticos ao governo Bolsonaro têm se posicionado contra a gestão do presidente e pedem a saída de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde
O coronel da reserva do Exército brasileiro, Marcelo Pimentel Jorge de Souza, afirmou, em suas redes sociais, que sente nojo de Jair Bolsonaro e vergonha por ter se formado na mesma Academia Militar que ele.
O texto publicado, na última quinta-feira (17), critica ainda participação de militares em funções políticas do governo, defendendo que “o dever do militar das forças armadas NÃO é governar (independentemente de sua visão político-ideológica, e é livre para tê-la) nem, muito menos, tutelar o poder político civil”.
“Eu e muitos oficiais de minha geração formada na AMAN/1987 ajudamos a reerguer aquele muro nos 30 anos que se seguiram à Constituição que fundou o Estado Democrático de Direito. Ajudamos a reconstruir a imagem positiva de credibilidade, confiança e respeito da sociedade em seu Exército, após 21 anos de autoritarismo inaugurados e protagonizados por chefes militares que se formaram no ‘Estado de Indisciplina Crônico’ dos quartéis nos anos 1920-60 e que, percebendo ou não, transformaram-se em generais ‘ditadores’ nos anos 1960-70”, diz o coronel.
Em outra publicação deste domingo (20) o coronel diz que a participação de oficiais do Exército brasileiro no governo Bolsonaro está criando uma associação inaceitável da imagem das Forças Armadas, instituição do Estado, com o governo.
“O governo não deveria contar com nenhum militar da reserva, muito menos da ativa, como ocupante de cargo em comissão (de ‘confiança’), menos ainda no núcleo político ministerial, sob pena de se configurar, em forma e substância, um ‘governo militar’, ‘de militares’, ‘para militares’ e ‘pelos militares’, o que caracterizaria, como se vê hoje claramente, uma associação inaceitável da imagem das Forças Armadas – instituição de Estado por excelência – à de um Governo”.
Marcelo afirma ainda que lhe causa medo que o Exército possa vir a se tornar uma instituição à imagem e semelhança do bolsonarismo.
“Medo que o exército, por intermédio da maioria de seus integrantes, seja transformado numa instituição à imagem e semelhança de seu atual ‘comandante supremo’, que continua sendo tratado como ‘mito’ nos quartéis em que comparece, sempre acompanhado por generais-ministros políticos que comandavam, chefiavam e guiavam as forças armadas brasileiras…até outro dia.”
O coronel diz, ainda, que Bolsonaro e seus ministros militares desmoralizam as Forças Armadas. “Sinto melancolia em ver boa parte dos oficiais de minha geração e ex-comandantes participando de um governo chefiado por uma pessoa política e intelectualmente despreparada, inepta e incompetente, além de desumana e extremamente grosseira e mal educada”.