O governo do Reino Unido estenderá por mais um mês, até junho, o programa de preservação de emprego das empresas afetadas pelo novo coronavírus
A medida veio junto com a prorrogação, em pelo menos outras três semanas, da quarentena anunciada porDominic Raab, que chefia interinamente o governo britânico enquanto o primeiro-ministro Boris Johnson se recupera da Covid-19.
No programa, que evitou demissões em massa, como as que vêm ocorrendo nos EUA sob Trump, o governo britânico subsidia 80% do salário desde que a empresa mantenha o trabalhador na folha de pagamentos, até o valor de 2.500 libras esterlinas (R$ 16,2 mil) mensais. Na prática, é a nacionalização das folhas de pagamento durante a quarentena.
É, na descrição de um economista, como se o trabalhador estivesse em licença por doença paga pelo governo durante o tempo da quarentena, evitando demissões que provavelmente levariam a pedido de seguro-desemprego, ao mesmo tempo em que preserva ao máximo a economia para a hora da retomada.
Inicialmente, o programa estaria em vigor até maio. Como assinalou o ministro da Economia, Rishi Sunak, ao apresentar as medidas, que chamou de “sem precedentes” de amparo às empresas e aos trabalhadores, “não é hora de pensar em ortodoxia, nem de ideologia”.
Apontando que era imprescindível garantir as condições de respeito ao isolamento obrigatório, Sunak acrescentou ser “crucial” para a vida dos cidadãos que a economia volte a caminhar “quando for seguro fazer isso”.
O governo conservador britânico, que no primeiro momento era favorável a que o laissez-faire médico cuidasse da pandemia, até chegar à “imunização de rebanho”, deu meia-volta e endossou a quarentena após estudo do renomado Imperial College demonstrar que o preço em vidas seria absolutamente insuportável (e provavelmente varreria os conservadores do poder por décadas). O próprio Johnson acabou pegando a Covid-19.
No sábado, o número de mortes pelo novo coronavírus nos hospitais britânicos subiu para 15.464, após 888 novos óbitos nas últimas 24 horas. Esses totais não incluem mortes fora dos hospitais – ou seja, são subestimados. Na véspera, haviam sido 847 mortos, e a avaliação é que o país está no auge do pico de contaminação. Em 24 horas, ocorreram 5.526 novos casos.
Nos últimos dias, cresceu o clamor do pessoal do sistema único de saúde britânico, o NHS, sobre a falta de equipamentos de proteção. Porta-voz do ministério da Saúde britânico admitiu que o número de trajes médicos em algumas regiões “é insuficiente” e reconheceu que o momento “é extremamente angustiante para as pessoas que trabalham na linha de frente”. Está sendo aguardado um grande carregamento de equipamentos de proteção da Turquia.