A tentativa de Bolsonaro de “passar a boiada” na privatização dos Correios vem sofrendo resistência no Senado até de partidos aliados do governo.
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) disse que votar o projeto até setembro, como o governo vem pressionando, “é impossível”.
“A proposta tem que tramitar na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), as comissões estão funcionando”, disse Eduardo Braga.
Segundo ele, como o assunto é novo e encontra resistências no Senado, se não for devidamente discutido, “na dúvida, você vota contra”.
“Quer votar amanhã? Ok, se Rodrigo Pacheco (presidente do Senado) pautar, como nós temos dúvidas, votamos contra”, disse o líder do MDB, maior bancada do Senado.
O projeto que abre caminho para a privatização dos Correios foi aprovado a toque de caixa na Câmara, no dia 5, com votação direta no plenário, sem passar por comissões.
Agora, o governo pressiona para que aconteça o mesmo no Senado. O secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, afirmou que o cronograma ficaria comprometido caso o Senado não aprove a proposta até no “máximo” o início de setembro.
Mas para Braga Neto esse prazo é “inexequível”, pois precisa ser melhor discutido, já que ele mesmo tem “graves dúvidas” em relação ao projeto, especialmente no que diz respeito à manutenção da universalização dos serviços postais.
Como tem sido apontado pelos partidos de oposição no Congresso, entidades de trabalhadores dos Correios e diversas lideranças políticas do país, a entrega da prestação dos serviços postais à iniciativa privada vai ser prejudicial à população em geral, porque a empresa que adquirir os Correios terá liberdade para definir preço e até a localidade aonde fará entregas de cartas e encomendas.
Para o senador, eleito pelo Amazonas, o futuro do atendimento em alguns municípios de seu Estado, muitos deles remotos, o preocupa.
“Problema é o custo. A carta pode até chegar. Mas e o custo? Tenho graves dúvidas. Em algumas regiões do meu Estado, ainda não temos 3G, 2G. Privatizar os Correios é não reconhecer essa diversidade que existe no Brasil”, afirmou Eduardo Braga.