“A Embraer tem total condição de garantir o salário de todos os trabalhadores, mesmo com a fábrica parada”, defende o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que negocia com a empresa a situação dos funcionários durante o período da pandemia do novo coronavírus.
De acordo com a entidade, a proposta da empresa – recém incorporada pela norte-americana Boeing – é baseada integralmente no princípio de redução de salários defendida pelo governo federal e pelo empresariado. “Trata-se de um corte significativo, de até 35%, no sustento de milhares de pais e mães de família. Isto é, o trabalhador está pagando por uma crise da qual é sua maior vítima”, diz em nota a entidade.
“Como se não bastasse o perigo do contágio, os funcionários da Embraer também estão sendo jogados em uma situação em que têm de escolher entre a manutenção dos empregos ou a redução de seu ganha pão. E isso é injusto!”, continua.
A proposta prevê a suspensão temporária de contratos de trabalho por 60 dias com redução salarial que varia entre as diferentes faixas de remuneração.
“O Sindicato não concorda com a proposta apresentada pela Embraer. A empresa tem total condição de garantir o salário de todos os trabalhadores, mesmo com a fábrica parada. Ainda assim, levaremos a proposta para votação”, afirma o diretor do sindicato Herbert Claros.
O Sindicato realiza votação da proposta por assembleia virtual que ocorre desde terça-feira (14) e vai até às 13h de quinta-feira (16).
O sindicato argumenta em nota que “nem mesmo o crescimento das mortes causadas pelo novo coronavírus no país [nos últimos dias] fez com que a Embraer olhasse com mais sensibilidade para a vida de seus funcionários” durante as negociações.
Para os trabalhadores que cumpriram jornada de suas casas, o chamado home office a proposta é que haja redução de jornada com redução salarial de 25%, por 90 dias, mais complementação pelo Governo Federal, equivalente a 25% do seguro-desemprego, de acordo com a faixa salarial.
Para os trabalhadores que continuarem em atividade, cerca de mil, não sofrerão redução salarial nem de jornada.
O Sindicato afirma que “tem defendido a licença remunerada para os trabalhadores, com manutenção dos salários e, principalmente, a garantia de estabilidade. Somente desta forma é que nossa categoria e demais trabalhadores estarão de fato ‘preparados para a guerra’”.
As negociações chegaram a ser encerradas, pois a Embraer insiste em manter mais de mil trabalhadores em atividade nas unidades de São José dos Campos, apesar da pandemia e das orientações dos órgãos sanitaristas nacionais e internacionais. “Mesmo com a rejeição do Sindicato, a empresa manteve este ponto na proposta final. “, afirma a entidade em nota.
De acordo com a proposta, os trabalhadores metalúrgicos terão garantida a estabilidade no emprego pelo período de quatro meses. Para os que estiverem em regime de suspensão do contrato ou de redução de jornada e salário, a estabilidade será estendida ainda pelo período posterior equivalente ao prazo de duração do regime. Ainda segundo o sindicato, ficou garantida a renovação dos direitos previstos na Convenção Coletiva.
“Defendemos que o governo proíba as demissões neste período. A medida já foi adotada em outros países, como a Argentina. Entre as lições aprendidas com esta pandemia, tem-se consolidado o cuidado com as pessoas. E isso deve partir, em primeira instância, do próprio governo. Esta é ainda não é a realidade que o trabalhador vivencia, mas tudo pode mudar”, continua a nota.