O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou na quinta-feira (20) que o depoimento de Eduardo Pazuello à comissão fortalece a impressão de que houve grave omissão do governo no caso do colapso de oxigênio nos hospitais do Amazonas, no início deste ano.
Segundo o senador, as oitivas realizadas até agora à Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado evidenciaram que os moradores do Amazonas “foram utilizados como cobaias para o chamado ‘tratamento precoce’”.
O senador também afirmou que Pazuello poderia ter “contribuído mais” com a CPI e, principalmente na quarta-feira, “fez uma ação de contorcionismo de fatos”. A oitiva, porém, deixou “evidente a questão da omissão em relação à vacina”.
O ex-ministro da Saúde prestou depoimento à CPI na quarta (19) e quinta-feira (20). A impressão que ficou na maioria dos integrantes do colegiado foi que Pazuello buscou principalmente preservar Jair Bolsonaro. Essa posição ficou evidente, por exemplo, em relação a temas como a defesa do tratamento precoce e ações para evitar a compra de vacinas contra a Covid-19.
Para Randolfe Rodrigues, o ex-ministro tentou conter danos à imagem de Bolsonaro. Na avaliação do senador, foi para isso que serviu o pedido de habeas corpus impetrado pelo general no Supremo Tribunal Federal. O salvo conduto para que ele não respondesse a perguntas que pudessem incriminá-lo foi concedido pelo ministro Ricardo Lewandowski.
“Ele se utilizou do habeas corpus para proteção do presidente da República. Nós o advertimos que, em última instância, alguns que agora estão ao lado dele não ficarão. Ao contrário do que alguns colegas do governo disseram, não é o relator que proferirá uma sentença. Não são os membros da CPI. É um juiz. E, quando tem provas materiais cabais de crimes cometidos, evidentemente a sentença será por condenação”, disse Randolfe.
“E na hora dessa sentença o senhor Eduardo Pazuello estará sozinho. Alguns que hoje procuraram socorrê-lo não o socorrerão no momento final”, completou.