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Estados em colapso, escassez de vacinas e descaso federal agravam a situação da pandemia
Pelo terceiro dia seguido, o Brasilregistrou mais de 2,2 mil mortes pelo novo coronavírusem 24 horas, segundo levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgado nesta sexta-feira (12).
De acordo com o Conass, o país contabilizou mais 2.216 óbitos, elevando o número total de vítimas para 275.105.
Já em relação aos contágios, o Brasil chegou a 11.363.380 casos acumulados, com o acréscimo de 85.663 diagnósticos positivos de Covid-19 em um dia.
A taxa de letalidade do coronavírus se mantém em 2,4%, mas as médias móveis dos últimos sete dias seguem em alta tanto nos casos, que passa de 69.141 para 70.593, como nas mortes, que sai de 1.703 e vai a 1.762.
Com transmissão descontrolada da doença, o País tem visto o colapso de várias redes hospitalares. Segundo o último levantamento do Observatório Covid-19 da Fiocruz, as taxas de ocupação de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) se mantêm muito críticas. Segundo o boletim, 20 estados estão com ocupação superior a 80%, sendo que 13 estados estão acima dos 90% de ocupação.
Governadores e prefeitos têm recorrido a restrições ao comércio e até ao lockdown para frear o vírus. Já Bolsonaro continua a criticar as restrições de circulação e medidas de isolamento social.
Em sua live de quinta-feira, Bolsonaro criticou a adoção de medidas restritivas por São Paulo e Distrito Federal e acusou o governador distrital, Ibaneis Rocha, de estabelecer um “estado de sítio”.
A atitude de Bolsonaro não é isolada e não começou agora. Ele vem fazendo tudo que pode, desde o início da pandemia para ajudar o coronavírus a se expandir. Chegou a dizer que o uso de máscara fazia mal. Ele mesmo se recusa a usá-la em suas aglomerações. Seu filho, Eduardo Bolsonaro, o “03”, depois do vexame que passou em Israel, sendo obrigado publicamente a usá-la, mandou que as pessoas aqui no Brasil enfiassem “as máscaras no rabo”.
Uma vida a cada três minutos
O maior número de óbitos registrado nesta sexta-feira foi em São Paulo, com 521 mortes, recorde desde o início da emergência sanitária. No estado, uma pessoa perdeu a vida pela Covid-19 a cada três minutos.
O número de pacientes internados com sintomas da doença nesta sexta chegou a 22.555 pessoas em todo o estado, o maior desde o início da pandemia. Dentre os internados, 9.777 estão em leitos de UTI e outros 12.778 em enfermarias, considerando hospitais públicos e também particulares. O total de internados no estado está batendo recordes todos os dias desde 27 de fevereiro. O número de pessoas internadas com Covid-19 em São Paulo é 47% maior do que no pico da primeira onda da doença.
Ao menos 25 hospitais estaduais estão com taxa de ocupação superior a 97% nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para Covid-19 nesta sexta-feira (12). Desses, 21 têm 100% de ocupação.
Na tentativa de frear a transmissão do vírus, a gestão João Doria (PSDB) iniciará um endurecimento das medidas de isolamento a partir de segunda-feira (15), com toque de recolher, fechamento de escolas, veto a cultos, partidas de futebol e mais restrições ao comércio.
A Secretaria paulista da Saúde informou que, no Estado, há mais de 100 unidades de gestão direta, incluindo hospitais de campanha. Mas, “com o recrudescimento da pandemia, a rede de saúde está impactada”. “A demanda por leitos Covid saltou de 690 casos por dia, em junho de 2020, para cerca de mil nesta primeira semana de março”.
Curitiba decreta lockdown e convoca profissionais de saúde a atuar contra o coronavírus
Na noite de sexta-feira, a Prefeitura de Curitiba anunciou que a capital paranaense irá entrar pela primeira vez em regime de lockdown a partir da meia noite. A restrição irá seguir até o dia 22 de março e manterá em funcionamento na cidade apenas supermercados, farmácias, postos de combustíveis, além dos serviços de limpeza pública e coleta de lixo.
Atividades industriais, comerciais, obras públicas e demais serviços estarão paralisados já a partir deste sábado em toda Curitiba. A decisão foi tomada no dia em que Curitiba registrou 34 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, maior marca diária registrada desde o início da pandemia em março de 2020.
Curitiba ainda conta com 97% de lotação nos leitos de UTI, com apenas 18 espaços disponíveis para atendimento de casos graves da Covid-19 na capital paranaense.
A Secretaria Municipal de Saúde convocou todos os servidores para atuarem no combate ao novo coronavírus na cidade. Segundo a Portaria 29, “ficam convocados os agentes públicos municipais, lotados na Secretaria Municipal da Saúde, para atuar nas ações de enfrentamento/combate a situação de emergência em saúde pública, em decorrência da infecção humana pelo novo coronavírus (Covid-19), conforme a designação desta Secretaria e a necessidade assistencial, independente do seu cargo, lotação, turno de trabalho e atribuições inerentes, preservando sua jornada de trabalho”.
“O negacionismo, a ignorância, o fingir que está tudo bem não vai ajudar ninguém. Nós precisamos ficar em casa, só sair se for absolutamente necessário e obedecer as autoridades sanitárias. Deus proteja Curitiba, para que a misericórdia que não tenhamos que escolher quem vai viver e quem vai morrer não tenha que ser exercida no nosso sistema de saúde”, pediu o prefeito de Curitiba, Rafael Greca.
O prefeito afirmou que Curitiba abriu nos últimos 15 dias, 154 leitos de UTI e 240 espaços clínicos na cidade, mas que a Secretaria de Estado da Saúde tem tido dificuldade em acompanhar o crescimento dos casos da Covid-19 oriundos das novas cepas do vírus.
“Eu quero ver Curitiba curada. Nós não podemos pensar onde podemos cair ou errar. Mas nós podemos pensar em tudo que ainda podemos fazer. Pra que ninguém morra sem assistência. Então, nós temos que tomar uma atitude mais drástica”, finalizou Greca.