Personalidades e organizações de todo o mundo estão se mobilizando para que o Prêmio Nobel da Paz de 2021 seja concedido à Brigada Médica Internacional Cubana Henry Reeve, em reconhecimento ao intenso trabalho humanitário e voluntário que vem realizando no combate a desastres e epidemias.
Como assinalou o linguista e sociólogo estadunidense Noam Chomsky, “Cuba é o único país que tem demonstrado um genuíno internacionalismo durante a crise do coronavírus”.
Recentemente lançada, a iniciativa #CubaSalvaVidas, #CubaPorLaVida já havia coletado até a última terça-feira 12.317 assinaturas de personalidades, artistas e intelectuais, como a escritora Alice Walker (A cor púrpura), os atores Danny Glover e Mark Ruffalo, e os músicos Chico Buarque, Silvio Rodríguez e Tom Morello.
“Em meio a esta pandemia sem precedentes na história moderna, há um grupo de um pequeno país que tem proporcionado esperança e inspiração a pessoas de todo o mundo: os médicos e enfermeiros cubanos que formam parte da Brigada Médica Internacional Henry Reeve, que agora trabalham em 21 países para combater o coronavírus. Em reconhecimento à sua magnífica solidariedade e desinteresse, salvando milhares de vidas ao pôr suas próprias vidas em perigo, nós pedimos que você lhes conceda o Prêmio Nobel da Paz deste ano”, reivindica o manifesto.
CAMPANHA ENTRE ORGANIZAÇÕES
De acordo com Rose-Marie Lou, da associação francesa de solidariedade “Cuba Linda”, em apenas seis semanas a campanha internacional já conseguiu reunir 164 organizações, com apoio nos Estados Unidos, Argentina, Itália, Grécia e várias partes do mundo. Organizações como os Pastores pela Paz e Código Rosa também se somaram ao movimento, que tem ganhado força entre os religiosos.
“Os povos reconhecem a solidariedade internacionalista de Cuba. Tão grande é o trabalho humanístico das brigadas médicas cubanas em todos os cantos do planeta, que esse prêmio emblemático seria justificado e devolveria todo o seu significado ao Prêmio Nobel da Paz“, enfatizou.
Para Rose-Maria, a ajuda não pode mais ser ocultada porque “apesar do infame bloqueio imposto pelos Estados Unidos, que dura mais de 50 anos, Cuba em solidariedade envia seu exército de jalecos brancos por todo o planeta para enfrentar a pandemia”.
Respaldando o movimento, o Sindicato dos Escritores de São Paulo reitera que os esforços da brigada “foram coroados de sucesso e tiveram um impacto positivo na vida de milhões de pessoas em dezenas de países’, como atestam situações dramáticas como a epidemia do Ebola na África, que exigiram enorme coragem e abnegação.
Este desempenho, ressalta o Sindicato, foi reconhecido inclusive com a entrega do prêmio Foetus, da Itália, em 2016, e um ano depois o Lee Jong Wook, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Uma ação humanitária que ganha ainda maior dimensão atualmente, no “combate a pandemia de Covid-19 em 24 países com 26 brigadas médicas e milhares de profissionais”.
INTERNACIONALISMO
O caráter internacionalista da iniciativa é ressaltado pelo fato de que Henry Reeve ter sido um jovem estadunidense que após ter combatido na Guerra de Secessão em seu país, vestindo o uniforme do Exército do Norte contra os escravistas do sul, foi atraído pela campanha pró-independência iniciada em Cuba por Carlos Manuel de Céspedes em 10 de outubro de 1868.
Deixando o Brooklyn aos 19 anos para se unir à luta emancipadora cubana, combateu com valentia até se converter em general de brigada do Exército Libertador. A brigada que leva seu nome foi criada por Fidel Castro em 2005, depois que os Estados Unidos se negaram a receber 1.500 médicos cubanos para ajudar aos afetados pelo furacão Katrina.