Trump, candidato à reeleição, perde para o opositor democrata, Joe Biden, em todas as pesquisas. A pesquisa realizada entre 9 e 13 de julho, pela Universidade de Quinnipiac mostra Biden com 52% contra 37% de Trump. No entanto, o democrata alcança 59% da preferência feminina, enquanto o atual ocupante da Casa Branca tem o apoio de apenas 31% das mulheres.
Quanto à desaprovação, ela dispara no eleitorado feminino: atinge 66%. Entre os homens, esse número é 18 pontos percentuais menor: 44% não votariam no presidente. Apenas 31% das mulheres apoiam o modo Trump de governar.
DEPUTADA ALEXANDRIA OCASIO RESPONDE A INSULTOS DE GOVERNISTA
“Meus pais não me criaram para suportar abusos de homens”, afirmou a deputada democrata por Nova York, Alexandria Ocasio-Cortez, ao responder aos insultos do deputado do Partido Republicano Ted Yoho, na Câmara de Representantes, no dia 23.
O seguidor de Trump, sem conseguir sustentar com argumentos de Alexandria – uma das mais combativas opositoras no Congresso dos EUA – em um debate sobre o aumento da criminalidade e do desemprego em Nova York e no país, partiu para o ataque contra ela e, de dedo em riste a insultou chamando-a de “desagradável, louca e perigosa”. Depois, diante de vários jornalistas, gritou: “Você é uma maldita puta!”.
O destempero de Yoho não é isolado, ele tem se manifestado a partir de membros ligados à Casa Branca com a proximidade das eleições e com resultados desfavoráveis nas pesquisas.
Com a repercussão negativa da agressão, o congressista Yoho justificou seu descontrole por conta da intensidade do debate que o precedeu e disse que “tem esposa e duas filhas”. Alexandria Ocasio-Cortez, deixou claro que o fato do congressista ter usado as mulheres de sua família como escudo para não assumir a responsabilidade por seu comportamento foi um estímulo para ela denunciar publicamente o incidente. “Eu não preciso que o deputado Yoho se desculpe comigo. Claramente ele não quer. Claramente, quando lhe é dada a oportunidade, ele não faz isso, e eu não vou ficar acordada até tarde da noite esperando um pedido de desculpas de um homem que não se arrepende de insultar mulheres e usar linguagem ofensiva com as mulheres”, disse ela.
De origem porto-riquenha, Alexandria é nascida no bairro do Bronx de Nova York, e foi eleita deputada aos 28 anos de idade. Dez meses depois de deixar o seu emprego num restaurante mexicano, em 2018, ela derrotou o republicano Anthony Pappas com 78% dos votos, tornando-se a mais jovem congressista da história dos EUA. Tem fama de não levar desaforo para casa.
“Yoho mencionou que ele tem esposa e duas filhas. Sou dois anos mais nova que a filha mais nova de Yoho. Também sou filha de alguém. Estou aqui porque tenho que mostrar aos meus pais que sou filha deles, e eles não me criaram para aceitar abusos de homens”, afirmou.
“Quando você faz isso com qualquer mulher, o que Yoho faz é permitir que outros homens façam isso com as filhas dele”, acrescentou. “Ao usar esse termo, na frente da imprensa, ele dá permissão para usarem contra sua esposa, filhas, mulheres em sua comunidade, e estou aqui para defender que isso não é aceitável”, frisou.
Ocasio-Cortez falou sobre sua educação no bairro de Bronx, em Nova York, e sobre as outras vezes em sua vida quando ouviu uma linguagem abusiva dos homens.
“Quero deixar claro que os comentários do representante Yoho não foram profundamente ofensivos para mim”, acrescentou, “porque eu trabalhei em um emprego da classe trabalhadora.”
“Eu servi mesas de restaurante e andei de metrô. Andei pelas ruas de Nova York. E esse tipo de linguagem não é novo. E me deparei com homens proferindo as mesmas palavras que o senhor Yoho enquanto eu estava sendo assediada em restaurantes. Tirei de bares homens que usavam linguagem como a de Yoho”, relatou.
A presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, chamou a injúria de “realmente uma manifestação da atitude da nossa sociedade”. “Posso dizer, em primeira mão, que eles me insultaram por pelo menos 20 anos de liderança, 18 anos de liderança”, disse ela, referindo-se aos republicanos.
A deputada da Califórnia Barbara Lee, somando-se à denúncia do tratamento que as mulheres sofrem, disse no plenário da Câmara: “Pessoalmente, experimentei uma vida inteira de insultos, racismo e sexismo. E acredite, isso não parou depois de ser eleita para um cargo público.”
O presidente Donald Trump já agrediu pessoalmente a deputada. Durante uma entrevista para Tim Alberta, jornalista da Revista Político, o presidente dos Estados Unidos qualificou a deputada como uma “jovem mulher divagando e delirando como uma lunática numa esquina”, que “não sabe nada”. “Isso é Evita”, resumiu Trump comparando-a com Eva Perón, líder do movimento peronista, referência dos trabalhadores e amplas parcelas da população da Argentina. As perorações aconteceram na entrevista realizada em 2018 para Alberta, autora do livro American Carnage: On the Front Lines of the Republican Civil War (Carnificina estadunidense: na vanguarda da guerra civil republicana). O livro conta como Trump tomou de assalto as rédeas do Partido Republicano.
Depois que estas declarações foram conhecidas, Ocasio-Cortez aproveitou a falta de noção de Trump e lhe respondeu pela sua conta de Twitter. “Sei que, como todas as mulheres, tenho mais força que o que parece”, afirmou.
E compartilhou com seus simpatizantes uma frase de Evita Perón: “Tenho visto por muitos anos como algumas famílias ricas tinham em suas mãos grande parte da riqueza e o poder da Argentina. Por isso, o governo trouxe uma jornada de trabalho de oito horas, pagamento por doença e salários justos para dar aos trabalhadores pobres uma oportunidade justa”.