Michigan, Wisconsin, Pensilvânia, Flórida, Arizona e Carolina do Norte dão às costas ao racista bilionário
Quase 20 pesquisas divulgadas na quinta-feira, de quatro institutos de aferição diferentes, confirmaram que o candidato democrata Joe Biden está à frente de Donald Trump na disputa presidencial nos principais Estados “campo de batalha” – Michigan, Wisconsin, Pensilvânia, Flórida, Arizona e a Carolina do Norte – que ora votam democrata, ora votam republicano e definem a eleição.
Nacionalmente, várias pesquisas vinham dando Biden na frente por 10 pontos percentuais ou mais e a questão que se colocava era como estava em nível estadual, para evitar a triste surpresa de 2016, já que nos EUA é o Colégio Eleitoral que vale.
Foi a prevalência de Trump nesses Estados em 2016 – e assim, no colégio eleitoral – que garantiu a ele a vitória sobre Hillary Clinton, apesar dela ter 3 milhões de votos a mais no cômputo geral.
Conforme a Forbes, esses resultados favoráveis a Biden incluem agora “Estados historicamente republicanos, como Geórgia e Texas”.
Quadro que até mesmo a Fox News, rede de tevê que nutre enorme simpatia pelo presidente, não teve como ignorar, assinalando que “Trump fica atrás de Biden nos Estados campo-de-batalha chaves” com margens “significativas”.
A primeira pesquisa a alardear que Trump estava atrás nesses Estados foi a do New York Times/Siena College, que revelou Biden à frente por 47% a 36% em Michigan, 49% a 38% em Wisconsin, 50% a 40% na Pensilvânia, 47% a 41% na Flórida, 48% a 41% no Arizona e 49% a 40% na Carolina do Norte.
Em 2016, Trump surpreendeu Hillary exatamente aí. Ele venceu Michigan, Wisconsin e Pensilvânia por menos de 1 ponto percentual cada. Na Flórida, ficou na frente por cerca de 1 ponto e, no Arizona e na Carolina do Norte, por cerca de 4 pontos.
A pesquisa Times/Siena entrevistou 3.870 eleitores registrados na Pensilvânia, Michigan, Flórida, Arizona, Wisconsin e Carolina do Norte de 8 a 18 de junho. A margem de erro para cada Estado variou de mais ou menos 4,1 a 4,6 pontos percentuais.
Biden lidera por até 18 pontos em Michigan em uma pesquisa da empresa republicana Hodas & Associates, que também o colocou em vantagem de 16 pontos em Wisconsin e de 12 pontos na Pensilvânia, registra a Fortune.
Resultados quase idênticos foram mostrados por pesquisas da Redfield & Wilton, com Biden liderando por 11 pontos em Michigan, 10 pontos na Pensilvânia, 9 pontos em Wisconsin, 6 pontos na Carolina do Norte e 4 pontos no Arizona e Wisconsin.
‘MAIS CHOCANTE’
Mas – destaca a Fortune – foram as pesquisas da Fox News de Estados tipicamente republicanos que produziram “os resultados mais chocantes”, com Biden à frente “por 9 pontos na Flórida, 2 pontos na Carolina do Norte e Geórgia e 1 ponto no Texas, que votou em Trump por 8 pontos em 2016”.
Na análise de CNN, em média Biden “lidera por 9 pontos nesses seis Estados”, que haviam sido levados por Trump em 2016 por uma vantagem média de “2 pontos”.
O que – observa – representa “um movimento de 11 pontos na direção de Biden” a partir da linha base de 2016. “Isso é semelhante à média das pesquisas estaduais que vimos desde os protestos contra a brutalidade policial e o racismo após a morte de George Floyd”.
Como alertou a CNN, ainda faltam quatro meses para as urnas, “então há tempo para as coisas mudarem”.
“Mas, por enquanto, Biden está significativamente acima nos Estados mais propensos a definir o resultado da eleição de 2020, incluindo o Estado crucial de Wisconsin”, cujo eleitorado de brancos sem diploma universitário é especialmente visado pela demagogia de Trump.
NA FRENTE EM WISCONSIN
Para esse Estado, as pesquisas New York Times/Siena College e Fox/Marquette University mostram a mesma tendência.
Biden, segundo a Fox/Marquette, lidera em Wisconsin com 9 pontos de frente sobre Trump. Na média das três pesquisas, ele tem vantagem de 10 pontos.
Isso, assinala a CNN, é uma “mudança significativa” em favor de Biden, já que na média das pesquisas anteriores ele estava 4 pontos na frente, ou seja, mais que dobrou sua vantagem.
Em relação a maio, a aprovação de Trump piorou ligeiramente, de 47% para 45%, enquanto sua reprovação, analogamente, subiu dois pontos, para 51%. Só 3 de cada 10 eleitores de Wisconsin aprovam a atuação de Trump nos protestos nacionais contra o racismo e a brutalidade policial. 61% aprovam os protestos, contra 36% que desaprovam.
52% desaprovam a conduta de Trump no enfrentamento da pandemia, contra 44% que aprovam. 55% se disseram preocupados com a Covid-19, comparado com 60% em março.
Na pesquisa da Fox/Marquette, Biden alargava sua vantagem sobre Trump nos eleitores registrados: 49% a 41%. Um mês antes, era 46% a 43%.
A CNN também se debruçou sobre uma nova pesquisa em Ohio da Quinnipiac University, Estado em que Hillary perdeu para Trump por 8 pontos em 2016, e mostrou que a disputa agora está praticamente empatada. Biden tem 46% de apoio entre os eleitores registrados, contra 45% de Trump.
A pesquisa Fox/Marquette foi conduzida de 14 a 18 de junho por telefone, com 805 eleitores registrados e margem de erro de mais ou menos 4,3 pontos percentuais. A pesquisa Quinnipiac foi realizada de 18 a 22 de junho por telefone, com 1139 eleitores registrados, com margem de erro de mais ou menos 2,9 pontos percentuais.
“FALSAS”, CHIA TRUMP
Trump descartou tais pesquisas como “falsas” e atacou as organizações de notícias que as encomendaram, particularmente a CNN, cuja pesquisa nacional deu Biden na frente por 14 pontos percentuais.
Em um tweet Trump postou que as “falsas pesquisas de supressão nunca foram piores”, embora sem citar diretamente a pesquisa New York Times/Siena College.
Larry Sabato, diretor do Centro de Política da Universidade da Virgínia, disse ao jornal Usa Today que os números mostram que Trump “está em queda nas pesquisas e está em uma posição ruim para a reeleição como candidato”, embora se tratem “basicamente de um reflexo do que é verdade hoje”. “A eleição – eu costumava dizer que é 3 de novembro, mas começa em setembro com a votação antecipada”.
Para Sabato, os pesquisadores aprenderam com os erros de 2016 e passaram a dar maior peso ao nível de educação dos entrevistados – um fator demográfico chave que ele considera ter sido largamente negligenciado na eleição anterior, assim como realizando mais pesquisas nos Estados-pêndulo.
Com a tríplice crise da pandemia e suas 120 mil mortes, dos 47 milhões de desempregados e da revolta de costa a costa contra o racismo, as premissas com que Trump contava para sua reeleição foram varridas em dois ou três meses.
Da história da “maior economia de todos os tempos”, sua grande cartada eleitoral, só sobrou a orgia em Wall Street, inteiramente descolada da realidade.
Segundo a Forbes, o número importante aqui é o 37%. Apenas 37% dos americanos aprovam como Trump lidou com a pandemia do coronavírus, em comparação com 58% que desaprovam (Pesquisa Reuters).
Mas o maior recibo quanto a estar no prejuízo a esta altura ficou evidente quando sua campanha passou a pleitear que haja um debate eleitoral a mais que os três já tradicionais – logo Trump, que em dezembro ameaçava não participar de nenhum. Como reza a sabedoria política convencional, o candidato que pressiona por mais debates em uma eleição é o que está atrás. Trump, portanto.