A Petrobrás emitiu comunicado na terça-feira (26) avisando que deverá desocupar sete andares hoje alugados pela empresa para abrigar a sede administrativa (Edisp) em São Paulo. A empresa também estuda realizar um Programa de Desligamento Voluntário (PDV) e um Programa de Desligamento por Acordo Individual, para reduzir custos.
No dia anterior (25), o recém chegado gerente executivo de gestão de pessoas da Petrobrás, Cláudio Costa, disse em reunião com os funcionários que a empresa demitirá parte dos cerca de 800 funcionários, entre diretos e terceirizados, que trabalham em sua sede administrativa em São Paulo.
“Não dá para absorver todo mundo. Algumas pessoas não ficarão na companhia. Dá para absorver todo mundo que aqui está? Não. Algumas pessoas não ficarão”, disse. Os áudios gravados na reunião por funcionários circularam pelas redes sociais no dia seguinte (26).
Cláudio Costa chegou a comparar a Petrobras à multinacional Ford, que há duas semanas anunciou o fechamento da fábrica em São Bernardo (SP), o que gerará desemprego em massa na região.
“A gente tem que tomar decisões que, infelizmente, são para o fortalecimento da organização no futuro, nos próximos 10, 20, 30 anos, para a Petrobrás poder fazer 120, 130, 150 anos. Se a gente não fizer isso hoje (reduzir quadro), daqui a duas décadas essa empresa não existirá mais. Em 2015, a empresa estava literalmente falida”, disse o ex-diretor da TAM e da EcoRodovias.
A reunião do executivo com os funcionários da Petrobrás foi realizada a portas fechadas. Segundo um funcionário, o clima na sala era de nervosismo e indignação. Alguns funcionários saíram aos prantos do local antes da reunião terminar.
O Programa de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV) deve ser lançado “entre abril e maio” de acordo com o executivo. Em todo o país, a Petrobrás possui 62,7 mil funcionários próprios, um número reduzido frente aos 78,5 mil de 2015, após sucessivos Programas de Demissão Voluntária.
A maior parte dos funcionários do Edisp são concursados que dão suporte às unidades operacionais da estatal nas regiões Sul e Sudeste, principalmente refinarias e terminais. Segundo o governo, parte dessas unidades deverão ser vendidas ou fechadas, e alguns funcionários serão remanejados para outros Estados, outros poucos permanecerão em São Paulo (em um prédio de baixo custo que a empresa pretende alugar) e o restante será demitido.
“Algumas áreas [da Petrobrás] serão fortalecidas: o desenvolvimento de produção do pré-sal será muito fortalecido. Algumas outras áreas não receberão investimentos e, sim, serão privatizadas. Algumas nem privatizadas serão. Algumas serão fechadas, porque não tem nem interesse do mercado em fazer aquisição daquele ativo. Então, quando não tiver interesse de mercado, simplesmente é fechado”, disse o gerente, segundo relato de funcionários.