A Polícia Federal começou a ouvir os brasileiros que foram expulsos pelos Estados Unidos, algemados e acorrentados no avião para o Brasil e a investigar as denúncias de violência por parte dos policiais americanos.
Os 88 brasileiros desembarcaram em Manaus, onde o governo brasileiro os recebeu e atendeu. Os relatos dão conta de que o governo de Donald Trump os deportou algemados e acorrentados nos pés, mãos e cinturas.
Os brasileiros contam, ainda, que foram agredidos pelos agentes. Vídeos e fotos do voo que chegou ao Brasil confirmam a forma degradante como os EUA trataram os brasileiros.
A PF já tem um “registro de fato” aberto, uma espécie de investigação preliminar.
Além dos depoimentos, que já foram colhidos pela corporação, a PF vai buscar mais elementos sobre o caso através de cooperação internacional.
“Eles bateram na gente algemado. A gente estava algemado e eles bateram na gente porque a gente estava com calor e a gente não queria ficar dentro do avião”, relatou Vitor Gustavo da Silva, de 21 anos.
Os brasileiros também tiveram que viajar em um avião cujo ar condicionado estava com problemas, o motivo do pouso em Manaus.
“O avião estava em condições precárias, teve que viajar com o mecânico dentro do avião, eu nunca vi isso”, descreveu Kaleb Barbosa Maia, 28.
“O momento mais difícil foi quando o ar-condicionado estragou no ar, as pessoas começaram a passar mal, alguns desmaiaram e as crianças estavam chorando. As turbinas estavam parando durante o voo, foi desesperador, coisa de filme mesmo”, continuou.
Sandra Pereira de Souza, de 36 anos, foi deportada junto com o marido e dois filhos pequenos. Ela contou que a deportação foi “um inferno, uma tortura desde que saímos da Louisiana”. “Deu para perceber que o avião tinha algum problema. Acho que foi uma falta de compromisso deles com os seres humanos, a gente estava morrendo de medo de morrer”.
Carlos Vinícius de Jesus, 29, contou que “vim preso nos braços, nas pernas e na cintura, eles não respeitaram a gente. Bateram em nós. Disseram que iam deixar derrubar o avião e que o nosso governo não era de nada”.
Em Manaus o governo brasileiro exigiu que os deportados fossem libertados das algemas e correntes. Por determinação de Lula, a Força Aérea Brasileira (FAB) fez o transporte deles até Belo Horizonte, que era o destino final.
De acordo com a PF, os agentes dos Estados Unidos queriam, para completar a viagem até Belo Horizonte, algemar novamente os brasileiros.
