PF busca, agora, os organizadores dos atos terroristas e também os financiadores
A Polícia Federal (PF) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para investigar a deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT) pela denúncia de organizar ônibus para transportar bolsonaristas de Mato Grosso a Brasília para participar dos atos terroristas de 8 de janeiro, que resultou na depredação das sedes dos Três Poderes.
O caso foi revelado pelo portal UOL, na última quinta-feira (16). E a PF busca, agora, os organizadores dos atos terroristas e também os financiadores.
Outros dois bolsonaristas suspeitos de participarem da organização desse transporte também são alvos do pedido de investigação: a candidata a deputada federal Analady Carneiro (PTB-MT), que não foi eleita, e o candidato a deputado estadual Rafael Yonekubo (PTB-MT), suplente.
Todos os três, obviamente, negaram envolvimento na organização de ônibus para o 8 de janeiro.
ORGANIZADORES DA IDA A BRASÍLIA
A representação pela abertura de inquérito se baseia no depoimento revelado pelo UOL na semana passada. A aposentada Gizela Cristina Bohrer, 60, residente em Barra do Garças (MT), disse à PF que viajou a Brasília em ônibus organizado pelos três bolsonaristas.
Caso a investigação seja autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a deputada Coronel Fernanda seria o quarto parlamentar alvo de apurações decorrentes do 8 de janeiro.
O STF já abriu inquéritos para apurar suspeitas de incitação aos atos de violência pelos parlamentares André Fernandes (PL-CE), Clarissa Tércio (PP-PE) e Silvia Waiãpi (PL-AP).
No caso da Coronel Fernanda, seria a primeira investigação para apurar a participação direta de parlamentar na organização dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro.
No depoimento, Gizela disse que “veio para Brasília numa caravana organizada” pela deputada Coronel Fernanda, por Analady Carneiro e por Rafael Yonekubo.
“Os três coordenam grupos de WhatsApp e organizam caravanas para Brasília já há dois anos; que tais caravanas tinham por objetivo o apoio ao então presidente Bolsonaro, tais como fizeram por ocasião dos desfiles de 7 de setembro e 15 de novembro de 2021 e 2022”, contou Gizela à PF.
“Todo mundo que vem nesses ônibus vem de graça e recebe todas as refeições de graça”, afirmou.
APROFUNDAR AS PROVAS
Caso a apuração seja autorizada, a PF deve colher os depoimentos dos organizadores da caravana e buscar aprofundar as provas sobre a suspeita de atuação deles na organização de ônibus para atos golpistas em Brasília.
Analady e Yonekubo já haviam sido alvos de busca e apreensão determinada por Moraes em dezembro por suspeita de incentivarem atos contra o resultado das eleições.
Procurada, a deputada Coronel Fernanda disse que não iria se manifestar. Na semana passada, ela admitiu conhecer Gizela em entrevista ao portal UOL, mas negou ter organizado caravanas para o 8 de janeiro.
ORGANIZARAM, MAS NÃO FORAM?
Em nota, a defesa de Analady e Yonekubo afirmou que já apresentou petição ao STF se colocando à disposição para esclarecimentos.
“A verdade é que nenhum destes dois participaram de atos do dia 8.1.2023, estando ambos em Cuiabá-MT cuidando de seus afazeres e tarefas familiares. Inclusive, Rafael se casou no dia 7 de janeiro, com a presença de Analady como convidada”, dizem os advogados Akio Maluf Sasaki e Marcos Gatass.
Eles afirmam ainda que “refutam qualquer informação ou depoimento que os coloque como organizadores, financiadores ou apoiadores de quebra-quebra, pois este é um ato que os mesmos abominam”.
Se não estiveram presencialmente nos atos, isso é bem secundário. É diversionismo da defesa dos acusados. O que importa é se patrocinaram ou não os atos.
CONTRADITÓRIO
Por meio de nota à imprensa, a Coronel Fernanda afirmou que não participou dos atos de 8 de janeiro em Brasília.
“Pelo contrário, deseja que seja instalada a CPMI para que se apurem os verdadeiros responsáveis pelos crimes cometidos contra os Três Poderes”, consta em trecho do comunicado.
A deputado afirmou ter “consciência tranquila” em relação aos fatos, e disse estar à disposição da Justiça para prestar os esclarecimentos quando forem solicitados.
Todos que participaram direto ou indiretamente dos atos golpistas do dia 08.01.2023, precisam serem punidos com todo rigor da lei. A Constituição acima de todos acorda Brasil.