O presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, recebeu dos diretórios estaduais “carta branca” para “conduzir e decidir sobre a sucessão presidencial” e negociar a filiação de Jair Bolsonaro ao partido.
As questões estaduais, como definição de candidatos aos governos estaduais e ao Senado Federal, deverão ser tratadas caso a caso, afirmam membros do partido.
O partido realizou, na quarta-feira (17), uma reunião entre Valdemar da Costa Neto e os dirigentes estaduais do partido para discutir as condições de entrada de Jair Bolsonaro na legenda.
A filiação já tinha sido anunciada, mas foi suspensa depois de uma discussão entre Costa Neto e Bolsonaro por conta das questões estaduais. O presidente do PL tinha liberado os Estados a terem autonomia e atuarem como acharem melhor nas eleições de 2022, sem o compromisso de apoiarem Bolsonaro.
Valdemar da Costa Neto também não aceitou as imposições de Jair Bolsonaro, como a de que o PL de São Paulo deveria ser presidido por seu filho, Eduardo Bolsonaro, e o candidato ao Palácio dos Bandeirantes seria o atual ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.
Depois da reunião, o PL divulgou uma nota afirmando que o partido “está pronto e alinhado para receber” Jair Bolsonaro, “em todos os Estados”.
O senador Wellington Fagundes (PL-MT) deu entrevista em frente à sede nacional do PL, em Brasília, e destacou que as questões estaduais deverão ser observadas caso a caso.
“É muito claro: caso a caso. O partido autorizou o presidente Valdemar. E, claro, o presidente Valdemar nunca tomou decisões isoladas. Todas as vezes foram consultados. Estado por Estado e município por município”, disse Fagundes.
Segundo Jorginho Mello (SC), que defendeu Bolsonaro na CPI da Pandemia, “o partido está dando ao presidente Valdemar carta branca para acertar com o presidente Bolsonaro todas as arestas e possibilidades que tenha em qualquer canto do Brasil”.
Em São Paulo, Estado que fez parte da discussão entre Costa Neto e Bolsonaro, o PL tem uma aliança com o governo de João Doria (PSDB), que Jair Bolsonaro escolheu como adversário político por defender o isolamento social e as vacinas.
O partido já discutia apoiar o vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), na sucessão de Doria, o que Bolsonaro rejeita.
“A gente não vai aceitar em São Paulo o PL apoiar alguém do PSDB. Não tenho candidato em São Paulo ainda, talvez o Tarcísio [Freitas, ministro da Infraestrutura] aceite esse desafio. Seria muito bom para São Paulo e para o Brasil, mas temos muita coisa a afinar ainda”.
Mas também há problemas em outros Estados.
Na Bahia, uma parte do partido tem proximidade com o governador Rui Costa (PT). A legenda já discute fazer uma aliança com o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e apoiá-lo ao governo estadual.
ACM Neto está construindo, junto com o PSL, o Aliança Brasil, partido que poderá ter candidato próprio à Presidência e não apoiar Jair Bolsonaro.
No Piauí, o PL é aliado do governador Wellington Dias (PT), governador que critica o governo de Jair Bolsonaro, especialmente no combate à pandemia do coronavírus.
Em Pernambuco, Jair Bolsonaro tentou impor ao PL a candidatura de seu ministro do Turismo, Gilson Machado, ao governo estadual.
O partido, porém, já discute uma chapa do prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), com a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB). De acordo com os planos anteriores do PL, também não há espaço para que Gilson Machado seja candidato ao Senado Federal.