A Polícia Federal (PF) do Amazonas informou na última quinta-feira (9) que vestígios de sangue foram encontrados na lancha do pescador Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”, que se tornou peça-chave para elucidar o desaparecimento do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips desde o último domingo (5). Só o resultado da perícia é que vai determinar se as amostras de sangue são ou não das pessoas sumidas.
A juíza Jacinta Silva dos Santos decretou a prisão temporária (cinco dias de detenção) do suspeito “Pelado”. “O material coletado (amostras de material genético) está a caminho de Manaus, para ser periciado”, disse a Polícia Federal, que não informou o prazo para a divulgação do laudo pericial. Atalaia do Norte fica distante da capital amazonense a 1.138 quilômetros em linha reta.
A descoberta dos vestígios de sangue aconteceu durante a coleta de materiais genéticos realizada por uma perita do Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC) na lancha que pertence ao pescador, e foi apreendida pela Polícia Militar.
De acordo com o DPTC, ligado à Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, com o uso de luminol, as equipes investigam a existência de vestígios de amostra biológica e digitais deixadas na lancha, tanto pelo suspeito como por tripulantes. “As diligências estão sendo empreendidas e serão divulgadas oportunamente”, diz a PF.
Uma testemunha ouvida pela Polícia Civil do Amazonas na última quarta-feira (8) disse que viu Amarildo da Costa de Oliveira “Pelado”, com uma segunda pessoa na lancha do suspeito, no dia em que a dupla desapareceu. As informações são do delegado de Atalaia do Norte, Alex Perez.
Até o momento, foram ouvidas oito pessoas, sendo duas delas de quarta para quinta-feira, segundo Perez. De acordo com o delegado, a testemunha viu o momento em que Dom e Bruno passaram em uma embarcação e, logo em seguida, Amarildo e essa segunda pessoa, na lancha.
Ainda conforme a mesma testemunha, Amarildo foi visto sozinho na mesma lancha algum tempo depois. “De ontem [quarta] para hoje [quinta] ouvimos mais duas testemunhas. Uma delas, em viagem à sede do município, nas proximidades da comunidade Cachoeira, próximo ao lago do Ipuca, presenciou o momento em que Dom e Bruno passaram por ele em outra embarcação. E, minutos depois, cerca de dois e três minutos, viu também o Amarildo acompanhado de outra pessoa em outra embarcação passando por ele também. E seguindo viagem em direção a sede do município e em determinado momento viu a embarcação de Amarildo, só que dessa vez ele estava sozinho”, disse.
ESCAVAÇÃO
As buscas pelo indigenista e pelo jornalista passaram a se concentrar em uma área abaixo da “Comunidade Cachoeira”, em Atalaia do Norte, nesta sexta-feira (10). Voluntários disseram às equipes de busca que encontraram sinais de escavação às margens do Rio Itaquaí, local onde Bruno Pereira e Dom Philips foram vistos navegando. Os dois estão desaparecidos desde o começo da semana.
Durante a manhã desta sexta, mergulhadores do Corpo de Bombeiros, além de agentes da Polícia Militar, da Defesa Civil, do Exército e da Marinha saíram de Atalaia do Norte até a localidade.
O subtenente do Corpo de Bombeiros, Geonivan de Amorim Maciel, explicou como o trabalho será feito. “A gente não pode dizer que tem vestígio concreto no local, mas vamos verificar a situação para ver se realmente tem algo ali que possa identificar os dois desaparecidos”, disse ele.
“O relato é de ‘terra batida’ [mexida, cavada], como se alguém tivesse cavado algo, enterrado alguma coisa, jogado barro no fundo. Vamos fazer uma varredura no fundo para ver se encontra algo.”
Bruno e Phillips foram vistos pela última vez na comunidade ribeirinha São Rafael por volta das 6h do último domingo. De lá, eles partiram rumo à Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas de lancha, mas não chegaram ao destino. No domingo, dia em que o indigenista e o jornalista desapareceram, ele foi visto por ribeirinhos passando no rio logo atrás da embarcação dos dois, no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte.