Após anos de luta pela democratização do espaço, foi inaugurado no último sábado (6), o Parque Augusta – Prefeito Bruno Covas, na região central da cidade de São Paulo. Num final de semana de parque lotado, os primeiros usuários do aprovaram a transformação do lugar, que estaria destinado a um condomínio de luxo, em um espaço verde e público
“Hoje, com a inauguração do Parque Augusta Prefeito Bruno Covas a cidade passa a contar com 111 parques. Ele representa um desejo da população. É o terceiro que entregamos e vamos entregar ainda mais quatro, pois no Plano de Metas estão previstos oito parques para São Paulo”, declarou o prefeito Ricardo Nunes.
Para o vice-governador Rodrigo Garcia, que estava representando o governador João Doria, o novo espaço significa o resultado do esforço da sociedade civil, poderes público e Legislativo, em nome do bem comum. “É fruto de muita luta, democracia, resiliência, perseverança, respeito ao contraditório e acima de tudo, convicção. Se hoje São Paulo conta com mais esse parque é por conta do trabalho de todos. É um presente para a cidade de São Paulo”, afirmou.
O projeto do Parque Municipal Augusta “Prefeito Bruno Covas” foi pensado de acordo com o Plano Diretor, que determina uma Taxa de Permeabilidade mínima de 90%, ou seja, somente 10% da área do parque pode ser impermeabilizada.
Depois de receber a placa com o nome do parque, Tomás Covas, filho do prefeito Bruno Covas, morto em razão de um câncer em maio deste ano, afirmou que o Parque Augusta, “representa muito o meu pai”. “Que lutou bravamente pra que esse parque pudesse ter sido inaugurado”, disse Tomás.
Ao chamar Tomás Covas, filho de Bruno, e mãe dele, Karen Ichiba, para receber uma réplica da placa de inauguração do parque, Nunes comentou o ato: “É a democracia. A gente trata isso de forma muito normal, a gente gosta da participação popular e de escutar as pessoas.”
A inauguração contou com a apresentação da banda Pequeno Cidadão, do Maestro João Carlos Martins e do dançarino Carlinhos de Jesus. Na abertura, o local estava aberto também a pessoas que quisessem se vacinar contra a Covid. No local havia um posto de vacinação contra a doença.
Com 23 mil metros quadrados, o novo parque tem cachorródromo, arquibancada, parquinho e outros equipamentos de descanso, lazer e atividades físicas. O antigo bosque e os caminhos centenários, datados ao menos desde a instalação do Colégio Des Oiseaux nos anos 1910, foram preservados.
A entrada principal é pelo antigo portal da Rua Caio Prado, que passou por restauro (mas também é possível entrar pela própria Rua Augusta).
A instalação do Parque Augusta foi determinada no Plano Diretor de 2002, reconhecimento que ganhou uma lei própria depois. O terreno era utilizado como estacionamento, além de abrigar atividades diversas e ter sido cogitado para empreendimentos habitacionais e comerciais.
Em 2018, a Prefeitura fez um acordo com as construtoras proprietárias, após mais de 20 anos de mobilização de moradores e associações do entorno.
Os custos do Parque Augusta foram de cerca de R$ 11 milhões, de acordo com a Prefeitura, pagos pelas duas construtoras (que haviam descumprido algumas determinações específicas do local). Em troca, ambas ganharam créditos para erguer prédios acima do limite mínimo em outras áreas da cidade sem a necessidade de pagar taxa adicional.
Potencial arqueológico
Além da iniciativa do parque, a análise de potencial arqueológico do terreno também partiu de moradores e frequentadores da região que encaminharam um pedido ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Nas escavações foram achados 2.126 materiais como louças, vidros, pisos, soleiras de porta, cerâmicas e metais, entre outros itens.
Ruínas encontradas durante a escavação permanecem no parque. “A ideia futura é fazer um parque arqueológico dentro do parque Augusta, e isso é inédito em São Paulo”, diz a arqueóloga Angélica Moreira, que acompanhou a obra.
Ela explica que os fragmentos de materiais construtivos estão no Centro de Arqueologia de São Paulo, onde ainda passam por um tratamento. “Depois devemos fazer uma exposição para que as pessoas possam ter contato com esse material.”
Durante as obras, em 2019, também foram descobertas trilhas do século passado, que foram mantidas. Além disso, também foi preservado um muro com antigos arcos. Acredita-se que antigamente ele contivesse tubulações que serviam para escoar água até a região da avenida Nove de Julho.