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Em reunião com prefeitos, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) afirmou que “era preciso ter coordenado desde o início todos os entes federados para poder enfrentar essa pandemia”
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que “não há nada pior num momento desse do que a desarticulação, a falta de coordenação” no combate à Covid-19.
“Não há nada pior num momento desse do que a desarticulação, a falta de coordenação. O Brasil revelou, infelizmente, a partir dessa falta de coordenação, algo que nós não podíamos ter feito. Era preciso ter coordenado desde o início todos os entes federados para poder enfrentar essa pandemia”, disse Rodrigo Pacheco.
Como resultado, a doença está sem controle e o Brasil registra mais de 325 mil mortos pela doença. Nos últimos dias, o país alcançou a marca de mais de 3 mil óbitos diários. Em 24 h morreram mais 3.769 pessoas por Covid, segundo o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde).
A crítica do presidente do Senado ao governo Bolsonaro na condução da pandemia aconteceu nesta quinta-feira (1º) durante uma reunião virtual com o Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar), coordenado pela Frente Nacional dos Prefeitos para discutir a imunização contra a Covid-19.
O grupo tem adesão de 1,8 mil municípios e tem por objetivo a compra coletiva de imunizantes, medicamentos e insumos em geral de combate à pandemia.
No encontro, os prefeitos solicitaram apoio a maior agilidade na aquisição de vacinas, por meio de articulação diplomática do Senado.
Para o presidente do Senado, o Brasil está “correndo atrás do tempo”. Ele disse ainda que “muitos disseram” que o comitê criado para lidar com a pandemia surgiu “com um ano de atraso”, mas era “o que podia ser feito”.
“Obviamente, nós temos que reconhecer, o Brasil atrasou esse processo, atrasou esse cronograma. Nós estamos correndo atrás do tempo nesse governo. A instituição desse comitê, muitos disseram, com um ano de atraso, mas, vamos dizer, o que nós antevemos, principalmente, quando assumi a presidência do Senado, é o que podia ser feito”, disse.
Por pressão do Congresso, Bolsonaro criou o Comitê da Covid-19, formado, basicamente, pela Presidência da República, os representantes do Congresso Nacional, e alguns governadores. Bolsonaro excluiu do comitê quase 20 governadores que não seguem pela sua cartilha negacionista.
A atuação de Bolsonaro nunca foi de encabeçar uma ação coordenada para debelar o vírus. Pelo contrário, suas orientações eram para que todos se contaminassem, o contrário do que defendiam a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os cientistas.
Segundo ele, todos tinham que ir para rua, se expor ao vírus e criticava – e ainda critica – governadores e prefeitos que tomavam medidas contra a pandemia, permanecendo aferrado a essas ideias esdrúxulas e retrógadas.
Para Bolsonaro, a Covid-19 era uma “gripezinha” e uma invenção da imprensa. “Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga”, disse Bolsonaro em março do ano passado.
“Começam a aparecer os efeitos colaterais das máscaras”. “Eu tenho minha opinião sobre as máscaras, cada um tem a sua, mas a gente aguarda um estudo sobre isso feito por pessoas competentes”, novamente, Bolsonaro, no dia 25 de fevereiro passado contra o uso das máscaras.
Em março passado, Bolsonaro voltou a insistir que ninguém tinha que ficar em casa, contrariando as orientações médicas. “Nós temos que enfrentar os nossos problemas, chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos de enfrentar os problemas. Respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades, mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?”, declarou.
E também fez campanha contra as vacinas em janeiro. “Não há nada comprovado cientificamente sobre essa vacina aí”, falou sobre a CoranaVac, vacina que quase é a única a existir no país.
O resultado dessa aversão de Bolsonaro ao povo brasileiro é que o mês de março se encerrou com 66.868 óbitos, um recorde, mais do que o dobro das mortes registradas em julho de 2020, o segundo pior mês da pandemia, quando foram anotadas 32.912 vítimas letais da doença.
Contudo, o presidente do Senado ainda acredita que Bolsonaro possa exercer um papel de enfrentar a pandemia e liderar os esforços contra ela. Pacheco relatou que pediu a Bolsonaro para que ele pudesse ser o “coordenador geral de um grupo” para congregar ações no enfrentamento da pandemia.
“Muito importante que o presidente da República desse o exemplo”, afirmou.
Sobre a reunião, Pacheco disse que “a realidade do Brasil é que a opção feita, inclusive reconhecendo os méritos do Estado de São Paulo, é a iniciativa de fabricar as vacinas no Brasil”.