O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara Federal, afirmou na quinta-feira (7), em entrevista à GloboNews, que pressionar a população a voltar ao trabalho antes que as condições sanitárias para isso estejam dadas, portanto, colocando em risco a vida dessas pessoas e aumentando o número de mortos, não é correto. “É quase criminoso”, destacou Rodrigo Maia.
O presidente Jair Bolsonaro aproveitou uma reunião com um grupo de empresários que foi pedir apoio financeiro para enfrentar a crise da pandemia na manhã desta quinta e levou-os ao Supremo Tribunal Federal (STF) para defender perante o ministro Dias Toffoli, presidente da Corte, o afrouxamento das medidas de isolamento e a retomada da economia em razão do aumento do desemprego. Os empresários demonstraram desconforto com a manobra do presidente.
“O que a gente não pode é o setor produtivo muitas vezes – claro, eu entendo a preocupação – acabar gerando uma pressão que vai gerar um aumento maior do número de mortes no Brasil”, disse Maia. “Eu prefiro aquele [governante] que tome a decisão de forma racional e que não aceite pressões de nenhum setor. Então, uma decisão de flexibilização que não estiver relacionada à pressão de algum setor da economia, mas da decisão técnica-científica”, afirmou o presidente da Câmara.
Maia considerou equivocada a atitude do presidente do STF [Dias Toffoli]. Ele declarou que, se Bolsonaro quisesse visitá-lo na Câmara, seria recebido ou sozinho ou, no máximo, acompanhado de três ou quatro empresários, para evitar aglomeração.
Sobe a visita e a afirmação de Bolsonaro de que “chega a um ponto em que você não recupera a economia. E sem economia a sua vida vai para o espaço”, Maia disse foi uma “sinalização equivocada” à sociedade brasileira. O parlamentar acrescentou que, se Bolsonaro estivesse acompanhado do ministro da Saúde, Nelson Teich, em vez de ladeado por empresários, a visita passaria mais tranquilidade. “O ministro já mostra a sua preocupação, porque é um quadro da área [da saúde], da necessidade de, em muitas áreas, a gente ter uma situação mais radical do isolamento”, afirmou.