O vereador da cidade de Santa Maria (RS), Werner Rempel (PCdoB), denunciou, em seu canal no YouTube, a proposta de privatização dos Correios e alertou para a importância da estatal para a população e para o país.
“Muitas pessoas não sabem, mas os Correios entregam medicamentos pelo país afora, entrega material didático para as escolas. A empresa exerce um papel que é inédito – provavelmente no mundo inteiro – que é a questão do banco postal. Existem locais no país que não tem banco e quem faz os serviços de banco nesses locais no país são os Correios. Portanto, ao mesmo tempo em que é uma empresa de logística para levar todos esses serviços para o país inteiro, é uma empresa altamente eficiente e altamente estratégica”, destaca Werner. Veja o vídeo no link abaixo:
Nos últimos 20 anos, de 2001 a 2020, a empresa lucrou R$ 12,4 bilhões em valores atualizados pelo IPCA, segundo reportagem do Uol, e desses, R$ 9 bilhões foram repassados à União, ou, 73% dos seus lucros. “Por isso, existe tanto interesse, alardeado pelo governo, na privatização. Se fosse completamente deficitário ninguém teria interesse. Eles querem os Correios para pegar o filé e deixar o resto jogado às traças”, denuncia o vereador de Santa Maria.
Werner explica que a privatização dos Correios coloca em xeque o atendimento a pequenas cidades e regiões consideradas não lucrativas, deficitárias. Atualmente, os Correios são a única empresa presente em todos os 5570 municípios brasileiros, enquanto as empresas de logística privadas atuam nos cerca de 300 municípios mais rentáveis e contratam os serviços da estatal para entregas nas demais regiões.
“As capitais e grandes cidades do país são uma grande área de interesse para as empresas que quiserem ter controle sobre os Correios a partir da privatização da empresa, mas dificilmente ela vai ter interesse lá no fim do Mato Grosso, lá no Nordeste, em locais longínquos do nosso estado, aqui no Rio Grande do Sul, onde não existe um volume de trabalho lucrativo para elas. Essas áreas menores são muito prejudicadas e que hoje a empresa estatal consegue tratar de forma mais ampla”, afirma o parlamentar.
“Os municípios com menos de 20 mil habitantes, que são a maioria dos municípios brasileiros, certamente não vão ser do interesse da empresa que arrematar a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos porque não vão dar o retorno que eles esperam. A iniciativa privada é ávida pelo lucro, mas avessa a trazer serviço social, porque é da sua lógica”, completa.
Para Werner, isso se dá porque as empresas públicas têm a possibilidade – porque existem para prover as populações de políticas públicas – de pegar esse lucro dessas regiões mais rentáveis e jogá-los para cobrir as áreas completamente deficitárias.
“Eu sempre tive a preocupação de frisar que essas duas questões não são comparáveis, não se pode comparar coisas absolutamente distintas. A lógica privada é uma, a lógica pública é outra. A lógica estatal funciona em razões de Estado, em função de prover um país, de prover uma região de políticas específicas. Já a lógica privada ela se guia principalmente pelos interesses privados, do lucro da empresa e de seus acionistas. Portanto, a estatal existe para melhorar a vida de uma população inteira, de um povo inteiro. Uma empresa privada que visa o lucro, privativamente, ela está preocupada muito mais com o atendimento de seus interesses”, explica Rempel.
Em 2020, a empresa registrou o maior lucro dos últimos 10 anos, com R$ 1,53 bilhão e, “25% disso, porque está no estatuto dos Correios, foi para o Tesouro Nacional e pode ser aplicado em outras áreas, embora eu suspeite que o governo vá esterilizar esses 25% com o pagamento de juros para o capital financeiro. Portanto, além de ser lucrativo, os Correios colaboram com o governo brasileiro, com o Tesouro Nacional para o desenvolvimento do Brasil”, diz Werner.
Ainda que os Correios não dessem lucro, ressalta Werner, há o como exemplo a estatal postal dos Estados Unidos, que não têm lucro há pelo menos 15 anos. “Por que que no maior país capitalista pode ter uma empresa que não gera lucro? Porque esses serviços são essenciais para atender a cidadania, porque a exemplo do Brasil, lá também tem lugares longínquos que precisam desse serviço público. Eles mantiveram a estatal lá e querem privatizar aqui”.
“Privatizando os Correios, a iniciativa privada vai pensar muito nas encomendas, vai pensar muito nas questões lucrativas e vai deixar de lado aquilo que realmente importa ao cidadão comum brasileiro que, ao fim e ao cabo, tem que ser o principal objetivo da ação do Estado. Os que menos têm são os que precisam mais do Estado. O tamanho do Estado tem que ser do tamanho das necessidades do país”, concluiu Werner Rempel.