A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão pediu ao Ministério Público Federal (MPF) e ao gabinete do procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, que tomem “providências cabíveis” sobre o vazamento, por parte da deputada Bia Kicis (PSL-DF) e do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, de dados pessoais dos médicos que defenderam a vacinação infantil em uma audiência pública.
A deputada, que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), admitiu que recebeu os dados do Ministério da Saúde e que os divulgou.
Depois da audiência pública, em 4 de janeiro, os médicos defensores da vacinação passaram a ser ameaçados pela milícia digital bolsonarista por conta da divulgação de seus dados feita por Bia Kicis.
Bia Kicis divulgou o CPF, e-mail e celular dos médicos que participaram da audiência e defenderam a ciência.
O procurador Carlos Vilhena encaminhou o pedido de investigação apresentado pelo PSOL. Ele pediu que sejam tomadas “providências cabíveis no âmbito cível, especificamente quanto ao possível ato de improbidade administrativa e ao vazamento de dados praticados pelo Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e pela Deputada Federal Bia Kicis”.
A Sociedade Brasileira de Pediatria também exigiu investigação contra os membros do governo Bolsonaro, pois o “gesto praticado pela deputada Bia Kicis não pode ficar impune”.
“Se for confirmada a violação do decoro parlamentar, ela [Bia Kicis] deve ser processada e julgada conforme o Código de Ética da Câmara dos Deputados”, continuou a entidade.
Questionado sobre o posicionamento da pasta acerca do vazamento, Marcelo Queiroga respondeu grosseiramente no início de janeiro: “Eu sou ministro da saúde, eu não sou fiscal de dados”. Na quarta-feira (2 de fevereiro), o ministro se definiu como um “quadro técnico bolsonarista”.
A audiência pública fez parte das estratégias do governo Bolsonaro para atrasar a vacinação das crianças contra Covid-19.
Mesmo depois da autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso pediátrico do imunizante da Pfizer, o governo Bolsonaro preferiu abrir uma consulta pública e realizar uma audiência.
Assim, a vacinação das crianças só começou um mês depois da aprovação do órgão regulador.