Na última terça-feira (19), o Instituto Butantan divulgou que 99% dos participantes do ‘Projeto Serrana’, vacinados com CoronaVac, criaram anticorpos contra o novo coronavírus no mundo real, ou seja, vivendo normalmente a rotina.
A cidade de Serrana, no interior de São Paulo, foi escolhida pelo Instituto Butantan para um teste de vacinação em massa para avaliar a imunidade da CoronaVac no mundo real. O estudo analisou a imunidade dos voluntários dois meses após tomarem a segunda dose da vacina produzida em solo brasileiro.
Vale destacar que tal porcentagem é maior do que as anteriores, identificadas nos testes de fase um e dois da vacina. Nas ocasiões, foram detectados anticorpos em 97% e 98% dos participantes, respectivamente.
Todo o conteúdo do Projeto Serrana vai ser divulgado em um artigo científico que ainda não foi publicado. “Além de comprovar, mais uma vez, a durabilidade da proteção gerada pela vacina, a pesquisa tem o diferencial de analisar os anticorpos e a imunidade celular no mundo real, o que até o momento, na literatura científica, sempre foi feito apenas em laboratório”, diz um trecho do anúncio.
“A gente já tem o número de anticorpos dos adultos e dos mais idosos. O artigo vai contar como estava a variação sorológica nesses últimos três meses”, explica um dos coordenadores médicos do estudo e diretor técnico do Hospital Estadual de Serrana, Gustavo Volpe, em um comunicado divulgado pelo laboratório.
Os moradores de Serrana com mais de 60 anos receberam, a partir de setembro, uma dose adicional de CoronaVac como forma de potencializar a imunidade geral contra o SARS-CoV-2 e aumentar a proteção contra a variante delta, que começava então a se tornar prevalente no Brasil.
Segundo o Butantan, a adesão dos idosos que já tomaram a dose de reforço à pesquisa tem sido boa, e isso deve ser mostrado nos exames. “Vai ser um dado interessante. A gente vê que a titulação vai caindo conforme as pessoas são mais velhas. Elas tendem a ter um título de sorologia menor que os jovens. Mas com a dose de reforço, vamos ver se será mais ou menos igual”, projeta Gustavo Volpe.
Na sequência, os pesquisadores vão avaliar a imunidade celular dos voluntários e entender como os anticorpos se comportam com seis, nove e doze meses. Gustavo ressalta, porém, que ter mais anticorpos não quer dizer estar mais protegido contra a doença. “Uma pessoa pode ter dez, outro 20 e outro 50. Será que a pessoa que tem 20 tem mais chance de pegar a doença do que a que tem 50? A princípio, parece ser uma coisa lógica, mas a realidade biológica é diferente. Existem outros fatores que protegem alguém do vírus”, elucida.
Além disso, após 97% da população adulta de Serrana estar vacinada com a CoronaVac, os casos sintomáticos de coronavírus diminuíram em 80%, enquanto as internações e mortes caíram 86% e 95% respectivamente. No momento, a cidade está aplicando a terceira dose do imunizante em idosos e pessoas com comorbidades.