Partido chama pronunciamento de Bolsonaro de “antidemocrático” e “inaceitável”. Na nota, acrescenta que “os brasileiros esperam de seu governante soluções para a pandemia, para o desemprego, para a inflação crescente, para a crise hídrica, para desigualdade e para o descalabro fiscal”
O PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) anunciou, nesta quarta-feira (8), que vai fazer oposição ao governo de Jair Bolsonaro. E vai debater ainda as “práticas de crimes de responsabilidade pelo presidente da República”.
A reunião da Executiva Nacional da legenda foi convocada na terça-feira (7), em razão da repercussão das falas disruptivas do presidente da República nos atos antidemocráticos em que Bolsonaro participou em Brasília e em São Paulo.
“É unânime no PSDB o reconhecimento de que há um crime de responsabilidade, porque se passou de todos os limites constitucionais possíveis dessa relação de convivência. Agora, a construção e a complexidade desse processo se dão a partir de uma compreensão política das bancadas na Câmara e no Senado”, disse o presidente do partido, Bruno Araújo.
Araújo disse ainda que, “do ponto de vista formal”, o PSDB fará “transição” de “posição de independência” para “formalizar a posição de oposição”.
DISCURSOS DE BOLSONARO
O anúncio foi publicado nas redes sociais da legenda e fez referência aos discursos de Bolsonaro no 7 de Setembro. “O PSDB repudia as atitudes antidemocráticas e irresponsáveis adotadas pelo presidente da República em manifestações pelo Dia da Independência. Ao mesmo tempo, conclama as forças de centro para que se unam numa postura de oposição a este projeto autoritário de poder”.
Ainda segundo o comunicado, o partido iniciou, nesta quarta-feira, “processo interno de discussão” sobre crimes de responsabilidade cometidos e o “caminho mais eficiente para evitar o agravamento dessa crise na vida das pessoas”.
Sobre eventual apoio ao impedimento do presidente da República, Araújo disse que processo de impeachment de Bolsonaro envolve “diversos requisitos”; além do crime de responsabilidade, apoio popular e disposição do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
A FORÇA DA LEGENDA NO CONGRESSO
Com 33 deputados, o PSDB é a sétima maior bancada da Câmara. O PSD, empatado com o MDB como a quinta maior bancada, com 34 parlamentares, criou comissão para avaliar a possibilidade de defender o impedimento de Bolsonaro.
Os tucanos no Senado estão representados por sete senadores.
EMBARQUE NA OPOSIÇÃO
Na nota, o PSDB veicula que tem compromisso com a democracia e a defesa das instituições.
Jair Bolsonaro voltou a atacar o STF (Supremo Tribunal Federal) nas manifestações de 7 de Setembro, afirmando aos apoiadores que não vai mais “admitir pessoas como Alexandre de Moraes açoitando a democracia”, com ameaça que não mais cumpriria as decisões do ministro.
Ainda na nota, o partido anunciou também que “os brasileiros esperam de seu governante soluções para a pandemia, para o desemprego, para a inflação crescente, para a crise hídrica, para desigualdade e para o descalabro fiscal”.
Leia a nota do PSDB na íntegra:
Nota
O PSDB decidiu, por unanimidade, em reunião da Executiva Nacional nesta quarta-feira (08/9), que é oposição ao governo de Jair Bolsonaro.
O partido repudia as atitudes antidemocráticas, truculentas e irresponsáveis adotadas pelo presidente da República em manifestações pelo Dia da Independência.
O PSDB se alinha a todas as forças da sociedade brasileira que têm na democracia, na defesa das instituições e no respeito à liberdade o seu maior compromisso.
Com a participação da Executiva e das bancadas na Câmara e Senado iniciamos o processo interno de discussão sobre crimes de responsabilidade cometidos pelo presidente da República. O primeiro passo foi o debate aberto ocorrido hoje e agora será aprofundado pelas bancadas do Congresso Nacional.
Conclamamos todas as forças do centro democrático a formar uma frente de oposição ao governo de Jair Bolsonaro. É da união dessas forças que virá a derrota definitiva do projeto autoritário de poder que o atual ocupante do Palácio do Planalto encarna e a volta do modelo político e econômico petista também responsável pela profunda crise que enfrentamos.
Basta de insensatez. Os brasileiros esperam de seu governante soluções para a pandemia, que beira 600 mil mortos; para o desemprego, que vitima 14 milhões de pessoas; para a inflação, que beira os dois dígitos; para a paralisia econômica; para a desigualdade; para a crise hídrica e para o descalabro fiscal. Um presidente que saiba enfrentar a desestruturação social e econômica ao invés de buscar enfrentar a própria lei.
A democracia brasileira permitiu que milhares fossem às ruas no dia de ontem defender suas ideias. Mas também defendemos os milhões que ficaram em casa e querem um Brasil que possa superar a crise.
M. V.