A CPI da Pandemia ouve pela segunda vez o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O depoimento acontece nesta terça-feira (8), às 9h.
A reconvocação de Queiroga foi antecipada pelos senadores após serem constatadas várias inconsistências do ministro no primeiro depoimento.
Principalmente após o depoimento da infectologista Luana Araújo, na quarta-feira (2). O depoimento mostrou que o ministro não tem autonomia à frente da pasta, como ele afirmou anteriormente, e evidenciaria a existência de um “gabinete paralelo”.
Outro motivo foi a omissão do ministro quando Bolsonaro marcou a Copa América para o Brasil em plena pandemia, com aumento de mortes e de casos de Covid-19.
“Ele estava ontem com o presidente da República inaugurando a Copa América. Dia 8, Marcelo Queiroga”, disse o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), no dia 2, ao anunciar a data do depoimento, rebatendo os integrantes bolsonaristas da CPI, que alegaram que a reconvocação iria atrapalhar o trabalho do ministro.
Já na reunião da terça-feira (1º de junho), os senadores criticaram a decisão do país receber o evento, a ser realizado entre junho e julho, diante de uma iminente terceira onda de Covid-19, após o cancelamento na Colômbia e a Argentina desistir de sediar o torneio.
A discussão prosseguiu na reunião de quarta-feira. Para o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), o episódio é mais um sinal da falta de autonomia do ministro da Saúde.
“Esse episódio da Copa América, em que ele se calou como Ministro da Saúde e preferiu ser ministro do silêncio, demonstrou, de uma outra forma, que a autonomia realmente não existe”, apontou Renan.
A fala de Renan ocorreu durante o depoimento de Luana Araújo. A médica relatou sua dispensa da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 do Ministério da Saúde.
Luana chegou a ser anunciada, mas não nomeada e esse seria mais um indício da existência de um “gabinete paralelo”, um grupo de pessoas que atuaria sob ordens de Bolsonaro e interferiria no ministério.
No depoimento à CPI, a médica afirmou que não recebeu justificativa pela desistência de sua contratação como secretária extraordinária.
Em uma audiência na Câmara dos Deputados no dia 26 de maio, 20 dias depois de prestar depoimento na CPI da Pandemia, Queiroga afirmou que Luana Araújo era uma “pessoa qualificada”, e que tinha as condições técnicas para exercer “qualquer função pública”, mas que não foi nomeada porque, além de “validação da técnica”, era necessário “validação política”.
Por isso, parlamentares esperam que o ministro responda sobre a sua real autonomia nesse retorno à CPI.
“Existe um gabinete negacionista, um grupo que continua impedindo que os melhores quadros da ciência brasileira possam contribuir no enfrentamento à pandemia”, apontou o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que é autor de um dos requerimentos de convocação.
Com informações da Agência Senado