Depósito de R$ 25 mil foi feito em dinheiro na conta de sua mulher, Fernanda, em agosto de 2011. “Não sei a origem do dinheiro. Mas dá uma checada direitinho que eu tenho quase certeza que não deve ter nada a ver com Queiroz”, disse o ‘01’
Em depoimento ao Ministério Público do Rio no dia 7 de julho, Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente, investigado por lavagem de dinheiro com salários de funcionários fantasmas em seu gabinete, na época em que era deputado estadual do Rio, disse desconhecer a origem de um depósito de R$ 25 mil em dinheiro na conta de sua mulher, Fernanda Bolsonaro, feito em agosto de 2011 por Fabrício Queiroz.
A transação de Queiroz foi identificada pelos investigadores através de quebras de sigilos bancários.
“Não sei a origem do dinheiro. Mas dá uma checada direitinho que eu tenho quase certeza que não deve ter nada a ver com Queiroz. Queiroz nunca depositou dinheiro na conta da minha esposa, pelo que eu saiba”, afirmou Flávio em áudio da audiência ao MP-RJ, obtido pelo jornal Estadão.
Flávio usou também R$ 86,7 mil em dinheiro vivo para comprar 12 salas comerciais no Rio de Janeiro no período em que era deputado estadual. A informação, desta vez do jornal “O Globo”, consta em documentos obtidos pelo Ministério Público Estadual com a quebra de sigilo bancário de Fabrício Queiroz.
Após a divulgação dessas informações no domingo (09), a defesa de Flávio afirmou que não vai mais permitir que manifestações do senador sejam gravadas durante o processo.
A informação sobre os pagamentos em dinheiro foi confirmada pelo próprio Flávio em seu depoimento aos promotores no inquérito que investiga o esquema de lavagem de dinheiro em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio. Mas, o depoimento revelou também que outro depósito, mais uma vez em dinheiro vivo, ocorreu em 2014. Desta feita foi de R$ 30 mil por um imóvel na Avenida Lúcio Costa, no Rio de Janeiro. O imóvel foi comprado por R$ 2,55 milhões.
As duas explicações que o atual senador deu para o episódio dos pagamentos em dinheiro vivo deixaram mais dúvidas no ar.
A primeira é a de que ele guardava o dinheiro em casa. “Eu tinha uma coisinha guardada em casa, preferi fazer desse jeito”, disse ele, em resposta de por que não usou transferência bancária para fazer o pagamento.
Já, no depoimento ao MP-RJ, o parlamentar deu outra versão. Afirmou aos promotores que pediu o dinheiro emprestado para o pai, o presidente Jair Bolsonaro, para um dos seus irmãos e para um ex-assessor do pai. Ele disse que tudo foi declarado no seu imposto de renda.
O Ministério Público do Rio suspeita que o depósito de Queiroz na conta de Fernanda Bolsonaro tenha sido usado para dar entrada no apartamento comprado pelo casal no mesmo ano. Além do depósito de Queiroz, Fernanda teria recebido outro pagamento de uma pessoa que teve a identidade protegida.
No pedido de prisão preventiva de Queiroz, os promotores já haviam apontado que o ex-assessor parlamentar teria custeado despesas pessoais do antigo chefe. O ex-policial militar é tido pelos investigadores como uma espécie de operador financeiro do “01”.
De acordo com as investigações, Queiroz transferia parte dos recursos para o ‘patrimônio familiar’ de Flávio através de depósitos fracionados e do pagamento de despesas pessoais do ex-deputado e de sua família. Na quebra de sigilo bancário de Queiroz foram identificados outros 21 cheques, no valor total de R$ 72 mil, depositados por ele na conta de Michelle Bolsonaro, atual primeira-dama.
Os cheques de Queiroz na conta de Michelle Bolsonaro eram de R$ 3 mil regularmente depositados na conta da primeira-dama. Em 2011 foram três cheques, somando R$ 9 mil passados para Michelle Bolsonaro, em 2012 foram seis, somando R$ 18 mil, e em 2013 foram, novamente, três cheques, completando R$ 9 mil. Em 2016 foram noves cheques que totalizam R$ 36 mil. Entre janeiro e junho de 2011, também foram registrados depósitos feitos pela esposa de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar, que somam mais R$ 17 mil passados para Michelle Bolsonaro.
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