Segundo equipe da deputada federal, ao longo do dia todas as redes sociais devem sair do ar. Decisão que determinou bloqueio é sigilosa
A deputada federal pelo Distrito Federal, Bia Kicis (PL) teve o perfil do Twitter suspenso na tarde desta segunda-feira (5).
De acordo com anúncio da própria parlamentar, o bloqueio é resultado de decisão judicial. Kicis é uma das apoiadoras de Bolsonaro mais ativas nas redes sociais.
Segundo a deputada, a decisão seria de autoria do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A equipe da deputada não soube dizer de qual processo veio a determinação.
Antes de ter a conta suspensa, Bia Kicis se queixou: “Acabo de ser informada que Xandão mandou bloquear todas as minhas redes sociais. Sem contraditório, sem nada. Certamente por eu tanto denunciar a tirania hoje reinante no Brasil”.
INQUÉRITO DAS FAKE NEWS
Um dos principais processos do qual a parlamentar é alvo – e que corre em sigilo no Supremo, é o inquérito das Fake News.
Além de Bia Kicis, a deputada Carla Zambelli (PL) já foi bloqueada nas redes sociais. Junto com elas, há outras dezenas de bolsonaristas de diferentes segmentos — empresários, agentes políticos, ativistas, apoiadores — que tiveram seus respectivos perfis bloqueados pelo ministro por atentarem contra a Constituição.
Bia Kicis declarou: “quando se censura qualquer pessoa, esse ato é inconstitucional porque a Constituição Federal proíbe a censura. Mas, quando se cala um parlamentar, interfere-se na atividade parlamentar em sua essência e isso é uma afronta à própria democracia e à separação dos poderes”. Curioso é que a deputada bolsonarista é adepta de um golpe para censurar os que não concordam com ela e para abolir a Constituição.
CONTUMÁCIA PENSADA
O comportamento aparentemente tresloucado desses deputados bolsonaristas faz parte da tática da manutenção do caos. Não há nenhuma loucura nisso. Trata-se de tática política para se manter em evidência, nas redes sociais e nas mídias tradicionais.
Assim, conseguem também manter certo nível de mobilização da base social do chamado bolsonarismo. Ao mesmo tempo em que vão renovando o discurso de contraposição ao que dizem ser ataque à liberdade de expressão.
INQUÉRITO DAS “FAKE NEWS”
O inquérito foi instaurado em 14 de março de 2019, no STF, e tomou o número 4.781, destinado a “investigar a existência de notícias falsas, denunciações caluniosas, ameaças e roubos de publicação sem os devidos direitos autorais, infrações que podem configurar calúnia, difamação e injúria contra os membros da Suprema Corte e seus familiares”, tendo sido designado para presidi-lo o ministro Alexandre de Moraes.
Foi instaurado em razão de publicação que afetaria a honra de determinado ministro. As investigações seguiram no tempo, alcançando fatos diversos, como quebra de sigilo bancário e fiscal de empresários suspeitos de financiar notícias falsas, prisão de deputado federal, suspensão de participação de pessoas nas redes sociais e outras tantas providências.
O fundamento das investigações, que já duram 3 anos e 8 meses, basicamente é a ameaça ao STF, aos ministros da Corte e, mais além, ao próprio Estado de Direito e à democracia.
Ninguém seria ingênuo ao ponto de supor que inexistem no inquérito motivos para a investigação de fatos graves. Razões certamente existem, pois, afinal, foi e continua sendo aprovado pelos demais ministros da Corte.
M. V.