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Conforme pesquisa do Instituto Elabe, 72% dos franceses repudiam o projeto de Macron, que aumenta a idade de aposentadoria para 64 anos e passa a exigir 43 anos de contribuições para receber pensão completa
Trabalhadores das refinarias, portos e centrais elétricas da França paralisaram suas atividades na quinta e na sexta-feira, 26 e 27, no processo de preparação da jornada nacional de greves e mobilização da próxima terça-feira (31), convocada pela chamada Intersindical que une todos os sectores de atividade em repúdio projeto do governo de aumentar a idade legal de aposentadoria dos 62 para os 64 anos.
Uma sondagem recente do instituto Elabe para o canal BFM TV mostra que o descontentamento da população com a iniciativa se mantém elevado: quase três quartos dos pesquisados (72%) se posicionaram contra o projeto de Macron, que também aumenta o período de contribuições para 43 anos para ter direito à pensão completa a partir de 2027 e elimina os regimes especiais de pensões.
A greve no sector da Energia, convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), enfrentou ameaças do governo a partir da RTE, empresa responsável pela segurança do abastecimento elétrico, que enviou recados aos grevistas avisando que os cortes na produção comprometem a segurança e o funcionamento da rede e teria consequências graves.
Porém, os trabalhadores em greve conhecem bem a estrutura de energia do país e, de acordo com a CGT, levaram a cabo uma série de ações que chamaram de “Robin dos Bosques” de norte a sul e de leste a oeste do país, para “intensificar o equilíbrio do poder” na luta contra a reforma das pensões.
Assim, por toda a França, “forneceram eletricidade ou gás de graça” a escolas, habitações a custo controlado e hospitais, cobraram tarifas reduzidas às pequenas empresas e restabeleceram o serviço de energia aos usuários que tinham ficado privados dele.
A referência a Robin Hood, cuja lenda diz que pegava dos ricos para dar aos pobres, foi “apropriada”, disse Philippe Martinez, secretário geral da CGT à FranceInfo.
SINDICATOS REAFIRMAM OPOSIÇÃO À REFORMA
O movimento sindical unificado emitiu um comunicado, na quarta-feira passada, em que reafirma a oposição ao projeto de reforma das pensões, que será apresentado à Assembleia Nacional na próxima segunda-feira (30).
“Esta reforma é tanto mais injusta quanto atinge duramente todos os trabalhadores e, sobretudo, os que começaram a trabalhar cedo, os mais precários, mas também aqueles cujo ofício penoso não é reconhecido”, alertaram.
Neste sentido, apelam ao reforço das iniciativas em toda a França contra esse projeto “injusto e brutal”, e que se baseia nas afirmações enganosas do governo segundo as quais o sistema está em perigo.
Para as organizações sindicais, as propostas devem ser outras, passando por políticas reais de emprego, a luta contra as desigualdades e o acesso à formação profissional.
“As preocupações dos franceses, hoje, são o emprego, os salários e o poder de compra”, sublinham, reforçando a mobilização geral para a terça-feira (31).