Estudo realizado pela bio-farmacêutica Sinovac e a Academia Chinesa de Ciências, apontam que uma dose de reforço da CoronaVac, que no Brasil é produzida e distribuída pelo Instituto Butantan, é capaz de reverter a queda nas atividades de anticorpos contra a variante Delta do coronavírus.
A informação é extremamente importante, pois a variante Delta, que se tornou a versão dominante do vírus no mundo, atualmente, e por seu forte poder de contágio, superior às outras, está impulsionando uma alta nas infecções mesmo nos países onde a vacinação está mais avançada.
Cerca de 66 pessoas participaram da pesquisa e, segundo os pesquisadores, não foi encontrada atividade de anticorpos neutralizantes contra a variante seis meses após a aplicação da segunda dose.
Além disso, os participantes que receberam o reforço tiveram 2,5 vezes mais anticorpos contra a Delta quatro semanas após a aplicação da terceira dose do que o registrado quatro semanas depois da segunda dose.
Os cientistas não incluíram a discussão sobre como exatamente os anticorpos neutralizantes afetam a eficácia da CoronaVac em infecções pela nova variante. Até o momento, cerca de 1,8 bilhão de doses do imunizante foram distribuídas ao redor do mundo.
A pesquisa foi publicada em versão pré-print, ou seja, ainda não foi revisada por outros membros da comunidade científica.
Numa relação próxima a evidenciada neste levantamento, outros estudos realizados na China mostram que a terceira dose da CoronaVac consegue elevar a produção de anticorpos em até 77%.
Infectologistas defendem aplicação da CoronaVac na dose de reforço
Especialistas consideram que a dose adicional de vacina contra a Covid-19 que diversos estados, decidiram aplicar na população maior de 60 vai proteger esse público da ameaça representada pela variante delta do SARS-CoV-2.
Na última semana, os médicos infectologistas Marco Aurélio Sáfadi e Sergio Cimerman destacaram a efetividade da CoronaVac diante dos riscos da nova variante em circulação.
“Temos um desafio pela frente que é o crescimento dos casos associados à variante delta. Ela é mais transmissível e cria uma expectativa de preocupação”, afirmou Marco Aurélio, que é infectologista pediátrico e diretor do departamento de pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
“Entendo como correta a antecipação da proteção a grupos que já foram identificados como mais fragilizados ao risco de serem acometidos a despeito de terem sido vacinados, que são os indivíduos de maior idade e os que vivem com algum grau de imunossupressão ou têm doenças que deprimem sua imunidade.”
De acordo com o médico infectologista, não restringir o imunizante a ser utilizado na dose adicional é uma forma de antecipar a proteção de toda a população-alvo. Afinal, a experiência dos países por onde a delta já circula – como Israel e Reino Unido – mostra que as vacinas (independente do fabricante) oferecem proteção elevada contra formas graves de doença associadas a essa cepa, mas têm fragilidade na proteção contra formas leves da doença e para impedir o risco de infecção.
“Os dados mostram que todas as vacinas que estão sendo utilizadas, sem exceção, mostraram nos estudos que uma terceira dose oferece uma expectativa de benefício da resposta imune contra desfechos graves da doença, que nesse momento é o objetivo”, salientou Marco Aurélio.
Sergio Cimerman, médico do Instituto de Infectologia Emilio Ribas e diretor científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, defendeu a necessidade de usar todos os imunizantes que se tem à disposição. O médico lembrou também que a população acima dos 80 anos tem uma redução do fator imunoprotetor, seja qual for a vacina utilizada.
“A vacina não tem o fator esterilizante, ela tem um fator de prevenir infecção grave e óbito, e isso nós estamos conseguindo com todas: com CoronaVac, Astrazeneca, Pfizer e Jansen”, afirmou Sergio. “Isso deve ser reiterado sempre para mostrar que a vacinação é importante, é efetiva e os números de diminuição de casos de UTI, por exemplo, no estado de São Paulo e no Brasil, são claros”.