Renan promete apresentar relatório à CPI na segunda quinzena de setembro. “Estamos aqui trabalhando para contar a história, para que os brasileiros conheçam o que aconteceu nos porões da gestão dessa crise e o que, infelizmente, movia nossos governantes”, disse o relator
Ao iniciar a reunião da CPI da Covid-19, na quarta-feira (25), que ouviu o depoimento do diretor do FIB Bank, Roberto Pereira, o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), prometeu entregar o relatório dele ao colegiado, na segunda quinzena de setembro.
FIB Bank é a instituição que emitiu carta de fiança irregular para a empresa Precisa Medicamentos, intermediadora do contrato da vacina indiana Covaxin. Apesar do nome, FIB bank não é um banco.
“No próximo mês de setembro, na segunda quinzena, entregaremos o relatório aos brasileiros, para que o conheçam, conheçam os fatos e também os seus verdadeiros responsáveis”, antecipou Renan.
“Graças à luz colocada pela CPI, o governo foi obrigado a mudar de conduta: cancelou o contrato fraudulento da Covaxin. Resistiu; depois, pressionado, suspendeu; e, depois que a Bharat Biotech descredenciou a Precisa, teve, afinal, que cancelar o contrato da Covaxin, a mais notória corrupção nesse submundo da aquisição de vacinas a atravessadores”, acrescentou o relator.
Eis a íntegra da fala do relator da CPI da Covid-19 no Senado:
“Senhor vice-presidente, senhoras senadoras, senhores senadores, hoje, senhor presidente, nós completamos 120 dias da instalação desta Comissão Parlamentar de Inquérito. Estamos aqui trabalhando para contar a história, para que os brasileiros conheçam o que aconteceu nos porões da gestão dessa crise e o que, infelizmente, movia nossos governantes.
Entre atravessadores, pedidos de propinas, empresas corruptas e negacionismo criminoso, perdemos, nesses 120 dias, 180.505 vidas de brasileiros, enquanto desvendávamos fatos graves e tínhamos acesso a documentos que comprovam verdadeiramente que vidas eram, infelizmente, o que menos importava. Em média, foram 1.504 vidas perdidas por dia nesse período, nesses 120 dias.
E nós, presidente, correndo contra o tempo, para dar as respostas necessárias, já conseguimos, nesta Comissão Parlamentar de Inquérito – e o trabalho de vossa excelência foi fundamental para isso –, muitos resultados, muitas coisas. Graças à luz colocada pela CPI, o Governo foi obrigado a mudar de conduta: cancelou o contrato fraudulento da Covaxin.
Resistiu; depois, pressionado, suspendeu; e, depois que a Bharat Biotech descredenciou a Precisa, teve, afinal, que cancelar o contrato da Covaxin, a mais notória corrupção nesse submundo da aquisição de vacinas a atravessadores.
Demitiu servidores que pediam propinas, cancelou negociações com atravessadores, comprou vacinas, parou de alardear sobre a fraude do tratamento precoce, fez influenciadores e sites de fake news apagarem posts que agravaram, infelizmente, a pandemia. Fez até, senhor presidente, senhores senadores, o filho negacionista do presidente se vacinar e postar nas redes sociais!
Ainda falta muito! O negacionismo do presidente e a conduta criminosa do Governo, a quem caberia salvar vidas, deixam marcas difíceis de sanar.
Mas, senhor presidente, senhores senadores, seguiremos com nosso trabalho. E, no próximo mês de setembro, na segunda quinzena, entregaremos o relatório aos brasileiros, para que o conheçam, conheçam os fatos e também os seus verdadeiros responsáveis.
Eu aproveito também a oportunidade, senhor presidente, antes de começar a fazer as perguntas, e peço a atenção da Comissão Parlamentar de Inquérito… Eu estou propondo ao presidente da Comissão o acréscimo de mais três nomes no rol de investigados desta Comissão Parlamentar de Inquérito: o do senhor Roberto Ferreira Dias, o do senhor Emanuel Catori e o do senhor Francisco Emerson Maximiano.
Em função do avanço da investigação, das provas coligidas, dos depoimentos prestados, nós elevamos a condição dessas pessoas à condição de investigados nesta Comissão Parlamentar de Inquérito”.
M. V.