O WhatsApp disse para Jair Bolsonaro, em reunião na quarta-feira (27), que vai manter o acordo que fez com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e lançar a ferramenta de “mega-grupos” somente depois das eleições.
O acordo desagrada Bolsonaro porque impede a disseminação ainda mais rápida de fake news no período eleitoral.
Em discurso, Jair tinha dito que “não vai ser cumprido esse acordo que por ventura eles [WhatsApp] tenham feito com o Brasil”.
Falou ainda, que iria tentar fazer um acordo diretamente com o WhatsApp como forma de sabotar o trato entre a empresa e o TSE. “Se ele (WhatsApp) pode fazer um acordo com o TSE, pode fazer comigo também, por que não?”, falou.
Mesmo com a reunião, os planos de Jair Bolsonaro foram frustrados.
O ministro Fábio Faria, das Comunicações, deu declarações tentando sair por cima, dizendo que o adiamento do lançamento da ferramenta “comunidades” foi “totalmente comercial”. “As decisões que tomaram foi em cima disso, nada a ver com eleições”, esquivou-se.
O WhatsApp se comprometeu com o TSE em adiar a estreia das comunidades para depois do segundo turno das eleições pelo risco delas serem usadas para disseminar desinformação ainda mais rapidamente.
As comunidades serão como um “guarda-chuva” de grupos, reunindo até milhares de pessoas. Atualmente, os grupos têm limite máximo de 256 membros.
A nova ferramenta passará a abrigar até 2.560 membros.
O Ministério Público Federal em São Paulo (MPF-SP), especialistas e a Justiça Eleitoral advertiram que isso poderia ocasionar disparos ilegais e disseminar fake news em massa, fraudando as eleições.
Em setembro do ano passado, Bolsonaro defendeu que mentiras, notícias falsas, devem correr soltas. “Fake news faz parte da nossa vida. Quem nunca contou uma mentirinha para a namorada?”, declarou. “Mentirinha para a namorada” já é grave, imaginem mentiras para ganhar eleição, como quer Bolsonaro? “Não precisamos regular isso aí, deixemos o povo à vontade”, disse ele.