Dias após a surpresa da Inteligência Artificial da DeepSeek, outra manifestação do desenvolvimento da China nas tecnologias de ponta chamou a atenção no Festival da Primavera, as comemorações de Ano Novo da China, com 16 robôs da Unitree Robotics dançando ao lado de artistas humanos, tornando-se virais nas mídias sociais globais. Esses robôs humanóides H1 exibem uma agilidade impressionante, imitando movimentos humanos e girando lenços.
A performance foi dirigida pelo renomado diretor Zhang Yimou e os robôs, vestidos com jaquetas acolchoadas florais no estilo do nordeste da China, se apresentaram junto com dançarinos do Instituto de Arte de Xinjiang.
A Unitree disse ao Global Times que os robôs utilizam controle de movimento de corpo inteiro acionado por IA com um torque máximo de 360 newton metros e percepção panorâmica de profundidade de 360 ° para rastreamento preciso do movimento.
Algoritmos avançados de IA permitem que eles interpretem músicas e ajustem seus movimentos em tempo real. Além disso, a tecnologia SLAM a laser 3D de alta precisão permite uma navegação precisa em ambientes complexos.
A fusão da tecnologia de ponta e técnicas tradicionais também impressionou internautas chineses. “Nunca imaginei que testemunharia um robô realizando a dança Yangge em minha vida, suas habilidades de lenço são ainda mais ágeis do que as minhas”.
O vídeo da Unitree viralizou nas redes, disparando mais discussões sobre os crescentes avanços da China em IA e robótica. “Com o DeepSeek provando que a IA de alto desempenho pode ser construída por uma fração do custo, e a Unitree apresentando robôs humanóides que podem dançar com precisão, a China está desafiando os líderes de tecnologia tradicionais nos EUA”, comentou o portal norte-americano Business Today.
Nas últimas semanas, uma saraivada de sucessos da engenhosidade chinesas deixaram certos círculos imperiais de orelha em pé. Como o novo recorde do ‘Sol Artificial’, o projeto de desenvolvimento da geração de energia por fusão nuclear, com o confinamento de plasma no reator mais que dobrando o recorde anterior, para 1002 segundos.
Nos últimos dias do ano passado, a China se tornou o primeiro país do mundo a testar um jato de 6ª geração, o J-36, com stealth, uma configuração incomum de asas, em forma de diamante, ausência de cauda convencional e três motores e possivelmente capacidades avançadas de guerra eletrônica.
Também na comunicação a laser por satélite, a China atingiu uma taxa de transmissão de dados de 100 gigabits por segundo para solo, uma velocidade dez vezes mais rápida do que seu recorde anterior, o que a coloca à frente da Starlink, de Musk.
No Festival da Primavera também chamou a atenção a demonstração do voo de aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical (eVTOL) em Chongqing, uma das seis cidades de teste para a economia de baixa altitude da China, localizada na confluência do rio Yangtze e do rio Jialing.
DANÇARINOS PROFISSIONAIS
Com os robôs chineses acionados por IA dançando com agilidade e segurança em uníssono e com os dançarinos humanos, não é de estranhar as comparações com o robô Optimus, de Elon Musk, que anda cautelosamente como se estivesse com medo de tropeçar e só realiza movimentos básicos.
Um usuário do X comentou com humor: “Enquanto o robô de Musk ainda está aprendendo a andar, os robôs da China já estão dançando como profissionais”.
“Mostrando como você pode ser tecnologicamente avançado, mas ainda orgulhoso de sua cultura. Outros países devem tomar nota”, disse outro internauta no YouTube.
O jornalista americano Ben Norton postou no X com o vídeo de dança robótica, dizendo que “a China agora tem robôs dançantes – além de produzir IA melhor do que as grandes corporações de tecnologia dos EUA, muito mais barata e de código aberto. É por isso que os EUA estão travando uma guerra econômica e uma guerra tecnológica contra a China. Os EUA não querem nenhuma competição para seus monopólios”.
Já a Business Insider procurou instilar medo nos seus leitores com o avanço chinês na robótica, alegando que a Unitree também é conhecida por ter feito robôs de quatro patas semelhantes a cães de uso militar. Aliás, a Boston Dynamics fabrica dispositivos semelhantes para o Pentágono.
CHINA DETÉM 2/3 DAS PATENTES DE ROBÓTICA
Ao GT, Xiang Ligang, diretor-geral da Information Consumption Alliance, com sede em Pequim, considerou tais preocupações como “compreensíveis”, já que os EUA “há muito dominam o campo da tecnologia global e não podem aceitar o fato de que existe a possibilidade de a China superar em alguns campos”.
Para Xiang, os EUA provavelmente tomarão medidas rápidas para tentar impedir mais esses avanços tecnológicos da China. No entanto – acrescentou – tais iniciativas terão pouco impacto no rápido desenvolvimento do país.
É que dois terços do total global de patentes válidas relacionadas à robótica – 190.000 – são chinesas, conforme patentes válidas relacionadas à robótica. O que fornece uma base sólida para o desenvolvimento da indústria de robótica da China.