Declarações sobre os supostos mísseis ‘russos’ caindo na área da vila de Przewodów são “uma provocação deliberada para agravar a situação”, denunciou o Ministério da Defesa russo
A Rússia não realizou nenhum ataque contra alvos perto da fronteira polonesa-ucraniana, disse o Ministério da Defesa em Moscou na terça-feira (15), após relatos de um míssil atingindo o vilarejo de Przewodów e matando dois civis.
Porta-voz russo chamou de “provocação deliberada” as declarações da mídia e autoridades polonesas sobre a suposta queda de mísseis “russos” na área do assentamento de Przewodów. “Nenhum ataque foi feito contra alvos perto da fronteira do estado ucraniano-polonês por meios de destruição russos. Fragmentos de mísseis, cujas fotos foram publicadas por meios de comunicação poloneses no local, “não têm nada a ver com armas russas”, acrescentou.
De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, especialistas militares do país analizaram as fotos de parte dos projéteis publicadas pela mídia e “os identificou como elementos de um míssil do sistema de defesa S-300 usado pela força aérea da Ucrânia”.
A Polônia convocou uma reunião de emergência de seu conselho de segurança nacional, após relatos da rádio ZET de que pelo menos dois civis foram mortos quando um ou mais mísseis atingiram o vilarejo na região de Lublin, do outro lado da fronteira com a Ucrânia.
No entanto, o porta-voz do governo polonês, Piotr Mueller, pediu à mídia e ao público que “não publiquem informações não confirmadas”.
Já a Associated Press correu para avalizar que mísseis russos haviam cruzado a Polônia, citando um “alto funcionário da inteligência dos EUA” não identificado, sendo que o Pentágono se recusou a corroborar a afirmação. “Posso dizer que não temos nenhuma informação neste momento para corroborar esses relatórios e estamos investigando isso mais a fundo”, disse o general de brigada da Força Aérea Patrick Ryder a repórteres, quando questionado sobre o incidente de Przewoduv.
Os bombeiros foram ao local da explosão, Przewodów, mas não souberam informar como ela foi causada. “Não está claro o que aconteceu”, disse Lukasz Kucy, um oficial no posto dos bombeiros da região. Autoridades dos Estados bálticos, que culparam a Rússia, chamaram a Polônia a invocar retaliação da Otan sob o Artigo 5 e, assim, escalar o conflito.
O jornal russo Komsomolskaya Pravda (KP) registrou como uma “coincidência incrível” que o incidente haja ocorrido na véspera da próxima reunião de representantes dos países da Otan na base de Ramstein, na Alemanha, na qual se espera que o regime de Kiev peça a criação de uma “zona de exclusão aérea” sobre a Ucrânia. Além de em paralelo à cúpula do G20.
O KP chamou a atenção para o fato de que os mísseis russos usados nos ataques dessa terça-feira são de alta precisão, Kalibr e Kh-101, cujo desvio possível do alvo pode ser medido em centímetros ou poucos metros. E certamente não em centenas de quilômetros de distância. O alvo mais próximo da fronteira estava na cidade ucraniana de Kovel. Fica a 100 quilômetros de Pszewodów.
Por outro lado, o jornal reafirmou que, os destroços mostrados nas fotos divulgadas pela mídia polonesa são muito semelhantes às partes do míssil de defesa aérea S-300, com que a Ucrânia aparentemente tentou derrubar mísseis russos perto de Lvov.
Ao longo do dia, a mídia ucraniana informou sobre explosões e alertas de ataques aéreos em todo o território. Sirenes e explosões foram ouvidos em Kiev e nas regiões de Krivoy Rog, Zhitomir, Kharkiv , Rivne e Khmelnytsky.