O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) foram a público, por meio de nota, na noite desta quinta-feira (16), lamentar a decisão do Ministério da Saúde em suspender a vacinação para adolescentes com mais de 12 anos.
Seguindo a posição de outras entidades de saúde pública, como a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), os conselhos reforçaram a confiança na Anvisa e em outras agências sanitárias internacionais e questionaram dados apresentados pelo Ministério da Saúde.
De acordo com as entidades, as decisões da pasta ocorreram “sem qualquer consulta prévia às representações estaduais e municipais da gestão do Sistema Único de Saúde ou mesmo à Câmara Técnica Assessora do Programa Nacional de Imunizações (PNI)”.
Tanto o Conass, quanto o Conasems, alertaram que a medida pode colocar em risco o controle da pandemia e deixou o aviso: “o Brasil ainda apresenta situação epidemiológica distante do que pode ser considerado como confortável, em razão do surgimento de novas variantes”.
Os conselhos também reafirmaram a confiança na Anvisa e na OMS, que indicam o uso da Pfizer em adolescentes e chegaram a questionar dados do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que indica erros na aplicação de vacinas diferentes daquelas recomendadas para jovens em pouco mais de 25 mil adolescentes.
“Temos que primeiramente considerar se o dado é real, uma vez que erros de registro vêm sendo identificados, tanto por eventual esgotamento dos servidores, como por dificuldades relacionadas aos sistemas de informação. Importante considerar também que o montante referido anteriormente representa 0,75% das mais de 3,5 milhões de doses já aplicadas neste grupo populacional”.
Por fim, a nota assinada por Carlos Lula, presidente do Conass e Wilames Freire, presidente da Conasems, indica: “Conass e Conasems, baseados nos atuais conhecimentos científicos, defendem a continuidade da vacinação para a devida proteção da população jovem”.
Veja a nota na íntegra:
SBIm
A suspensão da vacinação pelo Ministério da Saúde não tem o apoio da SBIm. A entidade divulgou uma nota também na última quinta-feira onde classificou as justificativas da pasta como não claras e sem sustentação.
Além de alertar para a possível disseminação de fake news por conta da decisão, a SBIm elenca diversos motivos para ter se posicionado contra a suspensão da vacinação para os jovens. O primeiro deles é o fato da OMS não ser contra a vacinação de jovens a partir dos 12 anos (com ou sem comorbidades) com as vacinas da Pfizer.
Além da OMS, a entidade indica que a Anvisa também aprovou a vacina para esta parcela da população e também não restringiu a administração a pessoas com comorbidades. A SBIM lembra que o próprio Ministério da Saúde já autorizou a vacinação para os jovens em uma nota técnica divulgada em 15 de agosto de 2021.
Contra argumentando a pasta em relação a administração de outros imunizantes além da Pfizer, a SBIM indica: “O fato de apenas um imunizante – o da Pfizer/BionTech – ter sido testado em ensaios clínicos randomizados e licenciado pela Anvisa para uso em pessoas a partir dos 12 anos de idade, e ocorrências pontuais de administração equivocada de vacinas de outros fabricantes (erros de imunização) não justificam a interrupção, uma vez que a orientação atual é a de utilizar exclusivamente a vacina Pfizer/BionTech para esse público”.
A entidade também usa números para justificar a posição. Segundo os dados, foram registrados 1.545 eventos adversos entre os 3.538.052 adolescentes vacinados no Brasil até o momento (0,00043%), sendo que erros de imunização respondem pela absoluta maioria (93%).
A SBIM deixa claro que a morte de uma adolescente que recebeu o imunizante deve “ser investigada com rigor”, mas lembrou também que “até o momento, no entanto, não foi estabelecida relação causal com a vacina. É necessário cautela para evitar a adoção de medidas precipitadas”.
Veja a nota na íntegra: