A morte por estrangulamento do jovem Pedro Henrique Gonzaga, de 19 anos, em frente à sua mãe por um segurança de uma unidade do supermercado Extra, na Barra da Tijuca, no último dia 14, causou indignação e revolta por todo o país.
Manifestantes de diversas capitais protestaram em repúdio à morte de Pedro Henrique. Na tarde deste domingo (17), centenas de pessoas se concentravam em frente aos portões da unidade do Extra, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Ali, os manifestantes gritavam em coro emocionados: “A nossa morte é política, a nossa morte é institucionalizada, nossas mortes não podem passar em branco”.
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Conforme o número de manifestantes foi aumentando, a unidade fechou as portas. Cerca de 400 pessoas que se encontravam na manifestação ocuparam o estacionamento do mercado, cobrando justiça pela morte do jovem negro.
Manifestantes também deitaram no chão da unidade simulando corpos, jogaram tinta vermelha na placa do Extra e fizeram um abraço coletivo em memória de Pedro Gonzaga. “A morte de Pedro Gonzaga é a morte de todos nós porque a gente tem o direito de entrar em um supermercado e não ser confundido com um bandido”, disse um ativista presente no ato.
Em São Paulo, o ato aconteceu na unidade do Extra na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, próximo à Avenida Paulista, região central da capital.
“É fundamental que a gente reivindique a responsabilização das instituições porque poderia ter acontecido com qualquer pessoa negra”, afirmou a cantora Raquel Virginia, da banda As Bahias e a Cozinha Mineira. “Eu já fui perseguida quando fui a um supermercado a ponto de um segurança apontar uma arma para mim. Não é possível admitir uma tortura com nossos corpos, uma tortura que foi filmada”, prossegue em referência ao vídeo em que Pedro aparece por baixo do segurança e uma testemunha alerta “tá sufocando ele” e outra diz “ele está roxo”.
Além das capitais fluminense e paulista, protestos ocorreram nas cidades de Recife (PE), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE) em decorrência da repercussão do caso, principalmente nas redes sociais, onde diversos artistas e personalidades públicas se manifestaram.
HOMICÍDIO
Davi Ricardo Moreira Amâncio, de 32 anos, é o assassino de Pedro Gonzaga. Ele foi preso logo após o ocorrido, mas foi solto depois de pagar uma fiança de R$ 10 mil.
Até então, o segurança responderia por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. Porém, a Divisão de Homicídios está analisando as imagens do supermercado para confrontar as versões, fazendo com que o assassino responda por homicídio doloso, quando há intenção de matar.
Nesta segunda-feira (18), a polícia disse que também vai apurar a responsabilidade dos outros vigilantes que aparecem nas imagens, por omissão de socorro.
Davi Ricardo não poderia estar atuando no setor de segurança privada, pois ele já foi condenado anteriormente por lesão corporal depois de agredir uma ex-companheira. Ele trabalhava a pouco mais de um ano na empresa Groupe Protection e deveria ter apresentado certidões negativas de antecedentes criminais.
Além de ter agredido a ex-companheira na frente dos filhos, Davi Ricardo Moreira Amâncio também responde por lesão corporal culposa e porte ilegal de arma.
O caso envolvendo a lesão corporal culposa ocorreu em 2012, quando o segurança se envolveu num atropelamento com moto. Amâncio não tinha habilitação específica para conduzir o veículo. A outra ocorrência é do ano passado, quando numa blitz o vigilante e outros dois homens foram flagrados com uma arma que não era dele.