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Em data simbólica e sugestiva, seis presidenciáveis, em ordem alfabética — Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido) —, divulgaram, nesta quarta-feira (31), “manifesto pela democracia”. “Vamos defender o Brasil”, exortam ao fechar o documento.
A articulação do texto, segundo interlocutores junto à imprensa, é atribuída a Mandetta, que procurou os demais e sugeriu a ação conjunta.
Neste 31 de março, há exatos 57 anos, setores da cúpula das Forças Armadas brasileiras — sob orientações e influências externas, especialmente da Casa Branca e da CIA, ajudaram a patrocinar um golpe civil-militar, que durou 21 anos — 1964-1985.
A iniciativa foi vista como possíveis movimentações sobre alianças eleitorais do próximo ano. A articulação ocorreu um dia depois de a renúncia coletiva inédita dos três comandantes das Forças Armadas.
A demissão é considerada a maior crise militar desde 1977 (quando o então presidente Ernesto Geisel demitiu o então ministro do Exército, Sylvio Frota). A situação deixou em alerta e causou preocupação ao Congresso Nacional e a setores da sociedade. A democracia brasileira está sob ameaças desde a eleição de Bolsonaro.
BOLSONARISMO
Desde a eleição, em outubro de 2018, e posse, em 2019, do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o chefe do Poder Executivo conspira contra a democracia e ataca constantemente o Estado de Direito Democrático.
Em 2019, estimulou e participou de vários atos antidemocráticos, em que os manifestantes pediam a volta do AI-5 (Ato Institucional 5) e o fechamento do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal). Esse movimento de feições neofascista é apelidado de “bolsonarismo”.
LEMBRANÇAS DAS “DIRETAS JÁ”
No documento, os signatários lembraram o movimento cívico-nacional que tomou conta do Brasil, as “Diretas Já”, entre 1983 e 1984. “O movimento ‘Diretas Já’ uniu diferentes forças políticas no mesmo palanque, possibilitou a eleição de Tancredo Neves para a Presidência da República, a volta das eleições diretas para o Executivo e o Legislativo e promulgação da Constituição Cidadã de 1988.”
A democracia, sustentam os autores “é o melhor dos sistemas políticos que a humanidade foi capaz de criar”. Eles relacionam, ainda, o regime a valores como Constituição, liberdade, justiça, igualdade, respeito, prosperidade e solidariedade.
“Liberdade de expressão, respeito aos direitos individuais, justiça para todos, direito ao voto e ao protesto. Tudo isso só acontece em regimes democráticos. Fora da Democracia o que existe é o excesso, o abuso, a transgressão, o intimidamento, a ameaça e a submissão arbitrária do indivíduo ao Estado”, cita o documento.
“Homens e mulheres desse país que apreciam a LIBERDADE, sejam civis ou militares, independentemente de filiação partidária, cor, religião, gênero e origem, devem estar unidos pela defesa da CONSCIÊNCIA DEMOCRÁTICA. Vamos defender o Brasil”, fecham os signatários da carta à democracia.
Eis a íntegra do texto:
MANIFESTO PELA CONSCIÊNCIA DEMOCRÁTICA
Muitos brasileiros foram às ruas e lutaram pela reconquista da Democracia na década de 1980. O movimento “Diretas Já” uniu diferentes forças políticas no mesmo palanque, possibilitou a eleição de Tancredo Neves para a Presidência da República, a volta das eleições diretas para o Executivo e o Legislativo e promulgação da Constituição Cidadã de 1988. Três décadas depois, a Democracia brasileira é ameaçada.
A conquista do Brasil sonhado por cada um de nós não pode prescindir da Democracia. Ela é nosso legado, nosso chão, nosso farol. Cabe a cada um de nós defendê-la e lutar por seus princípios e valores.
Não há Democracia sem Constituição. Não há liberdade sem justiça. Não há igualdade sem respeito. Não há prosperidade sem solidariedade.
A Democracia é o melhor dos sistemas políticos que a humanidade foi capaz de criar. Liberdade de expressão, respeito aos direitos individuais, justiça para todos, direito ao voto e ao protesto. Tudo isso só acontece em regimes democráticos. Fora da Democracia o que existe é o excesso, o abuso, a transgressão, o intimidamento, a ameaça e a submissão arbitrária do indivíduo ao Estado.
Exemplos não faltam para nos mostrar que o autoritarismo pode emergir das sombras, sempre que as sociedades se descuidam e silenciam na defesa dos valores democráticos.
Homens e mulheres desse país que apreciam a LIBERDADE, sejam civis ou militares, independentemente de filiação partidária, cor, religião, gênero e origem, devem estar unidos pela defesa da CONSCIÊNCIA DEMOCRÁTICA. Vamos defender o Brasil.
Ciro Gomes,
Eduardo Leite,
João Amoêdo,
João Doria,
Luiz Henrique Mandetta,
Luciano Huck.