Serrana, cidade do interior de São Paulo onde o Instituto Butantan realiza um estudo de vacinação em massa contra a Covid-19, com a CoronaVac, chamado Projeto S, registrou um aumento de 196% nos casos da doença, durante os 16 primeiros dias de janeiro deste ano, se comparando com todo o mês de dezembro. Porém, reforçando a eficácia da vacina contra a Covid-19, apesar do aumento de casos, as mortes provocadas pela doença permaneceram baixas. Apenas uma pessoa morreu até a última atualização da secretária de saúde.
Foram 895 moradores infectados entre os dias 1 e 16 de janeiro de 2022, o que também representa o maior número para um único mês. Já em todo dezembro do ano passado, foram 301.
“Temos a justificativa das festividades de final de ano. Isso preocupa bastante. Também depois da vacina, que tivemos a vacinação em massa, teve um relaxamento dos protocolos sanitários. Se você anda pela cidade, a gente percebe esse relaxamento da população”, diz a secretária municipal de Saúde, Leila Gusmão.
Segundo dados do governo estadual, quase 90% dos moradores já receberam pelo menos uma dose da vacina, enquanto 83% estão com o esquema completo. A secretária explica o baixo número de casos graves pela cidade ter esse percentual de cobertura vacinal.
“A gente solicita à população que procure o posto de vacinação. Temos vacinas disponíveis. (…) Embora a positividade [de infecções] seja alta, os casos graves não têm ocorrido. Isso se deve à vacina. A vacina comprovou que ela se mostrou eficaz”, destacou a secretária.
Até abril do ano passado, 27.160 moradores de Serrana receberam as duas doses da CoronaVac.
99% das pessoas que tomaram vacina desenvolveram anticorpos, segundo avaliação sorológica realizada entre o final de julho e início de agosto. Em outubro, mais uma etapa foi realizada para acompanhamento do anticorpos nos vacinados.
Já em dezembro, o artigo “Projeto S: um ensaio randomizado escalonado para avaliar a eficácia do CoronaVac em Serrana, Brasil”, publicado na plataforma Social Research Network, revelou que o estudo realizado pelo Butantan apontou eficácia de 80,5% contra casos de Covid-19 e de 94,9% contra mortes.
Em 21 de janeiro foi iniciada a terceira etapa do inquérito sorológico, em Serrana. Segundo o coordenador do estudo, Gustavo Volpe, as avaliações realizadas até o momento mostraram que a proteção oferecida pelas vacinas se manteve ao longo dos últimos meses e foi potencializada em quem já tomou a dose de reforço, aplicada até agora em 22,7 mil pessoas, de acordo com dados do governo estadual.
“Observamos que com seis meses, que foi a última coleta, mantivemos uma taxa de soroconversão muito alta, acima de 99% em todas as faixas etárias. Na segunda coleta, naqueles que eram maiores de 60 anos que já tinham recebido a terceira dose, a gente observou realmente observou um boost, um aumento muito bom da quantidade de anticorpos no sangue dessas pessoas, na ordem de três, quatro vezes”, disse.
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