A CPI já ouviu diversos personagens envolvidos na negociação e suspeita que houve irregularidades e corrupção nas negociações da vacina indiana
A Justiça Federal acatou pedido da CPI da Covid-19 no Senado e derrubou o sigilo de documentos que tratam sobre a compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde. Esse processo estava sendo intermediado pela Precisa Medicamentos, investigada pela CPI.
Os sócios da empresa também estão sob a mira da comissão de inquérito.
O sigilo havia sido imposto pelo Ministério da Saúde. Os arquivos haviam sido enviados, em julho, à comissão, mas a pasta suspendeu, em 6 de agosto, o acesso aos documentos sob alegação de que o processo ainda estava em fase preparatória “podendo sua divulgação prejudicar o andamento”.
Está escrito na decisão, que a União “não trouxe aos autos elementos concretos que esclarecessem a motivação do ato”. O juiz que assinou a decisão deixou claro que há “evidente interesse público em se saber como se procedeu uma contratação que envolveu o empenho de vultosa quantidade de recursos públicos”.
ESCLARECER DÚVIDAS
O acesso às informações vai permitir que a CPI tenha condições de esclarecer dúvidas a respeito do contrato que se tornou uma das principais linhas de investigação da comissão.
A denúncia foi feita à CPI pelos irmãos Miranda, que relataram ter tido pressão atípica de integrantes do ministério para adquirir a vacina.
A CPI já ouviu diversos personagens envolvidos na negociação e suspeita que houve irregularidades e corrupção nas negociações do imunizante, adquirido por meio de empresa intermediadora.
A vacina não teve registro aprovado pela Anvisa e nunca foi entregue ao Brasil. Após as denúncias, ao Ministério Público e à CPI, o contrato foi suspenso pelo governo e o processo de cancelamento está prestes a ser concluído.
NOVOS DEPOIMENTOS
Nesta semana, a CPI vai ouvir, terça-feira (31), o motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva. Ele consta como sócio fundador da Precisa Medicamentos e nem sabia disso.
Conforme requerimento de convocação, do senador Randolfe Rodrigues, Ivanildo da Silva é “aparente intermediário em esquemas duvidosos da empresa VTCLog”.
Randolfe argumenta que é preciso ouvi-lo, pois apesar de ser “apenas um motoboy”, com salário em torno de R$ 2 mil, ele é responsável por cerca de 5% de toda a movimentação atípica feita pela VTCLog, empresa que se tornou alvo de uma das principais linhas de investigação da CPI.
A VTCLog é responsável por fazer a logística com contratos e transportar insumos, inclusive vacinas, para o Ministério da Saúde. Randolfe destaca que a empresa está “no centro dos escândalos de corrupção” envolvendo o Ministério da Saúde.
Na quarta-feira (1º), vai ser a vez do empresário e advogado Marcos Tolentino ser ouvido. Ele é apontado como sócio oculto da empresa FIB Bank. Segundo o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigue (Rede-AP), a FIB Bank forneceu à Precisa Medicamentos garantia irregular no negócio de compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde.
Finalmente, quinta-feira (2), a CPI vai ouvir o ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo Filho. Ele foi preso em agosto do ano passado por superfaturamento de testes de Covid-19, na operação da Polícia Federal Falso Negativo.
M. V.