Decisão foi tomada por Alexandre de Moraes. Canal fazia parte de esquema criminoso montado para apoiar a implantação, por Bolsonaro, de uma ditadura no Brasil
O site fascista ligado a Jair Bolsonaro, Terça Livre, encerrou oficialmente suas atividades conspirativas na noite de sexta-feira (22). A decisão de suspender a fábrica de fake news foi tomada após a ordem de prisão de seu criador, Allan dos Santos, que está foragido nos Estados Unidos. Seu nome será inserido na Difusão Vermelha da Interpol, que torna possível a sua prisão no exterior.
O canal Artigo 220, que retransmitia no YouTube conteúdo do site de extrema direita foi retirado do ar pelo Google. Contas de perfis da facção em outras redes sociais também foram suspensas. O Google informou que “o canal Artigo 220 foi removido em cumprimento a uma decisão proferida em processo judicial sob segredo de justiça. O Twitter também se posicionou de maneira semelhante e afirmou que “bloqueou as contas para atender a uma ordem judicial proveniente do Supremo Tribunal Federal (STF)”.
O ministro do Supremo, Alexandre de Moraes decretou a prisão e informou que a PF reuniu elementos que indicam a “habitualidade” do elemento em praticar atos que podem ser caracterizados como ameaça, crimes contra a honra e incitação à prática de crimes, bem como integrar organização criminosa. Allan dos Santos comandava o esquema de propaganda do golpe que Bolsonaro pretendia dar no Brasil.
Seu canal promovia ataques e ameaças a integrantes do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. Defendia o fechamento das instituições democráticas e a instalação de uma ditadura no país, com a volta do AI-5, principal instrumento de repressão do regime que perseguiu democratas e matou centenas de opositores nas décadas de 60, 70 e início de 1980.
As atividades golpistas do canal eram abastecidas com recursos oriundos de empresários apoiadores da fascismo.
Com o objetivo de rastrear os financiadores do canal golpista, o ministro Alexandre de Alexandre de Moraes determinou a quebra de sigilo de informações relacionadas ao canal Terça Livre. A determinação ordena o YouTube a informar à PF todas as lives realizadas por Allan dos Santos com as respectivas doações, IPs e dados cadastrais de cada doador. O mesmo deverá ser feito pelo site “apoia.se”, que agrega um perfil para repasses a Allan dos Santos.
A Polícia Federal está apurando os repasses de grandes quantias de valores ao conspirador foragido. Segundo a investigação, o dono do Terça Livre recebia um volume “relativamente grande” de repasses via superchat, um método de doação via YouTube.
Segundo a apuração, de abril a maio de 2020, foram realizadas 1.581 transações, sendo que em 649 delas não há informações sobre o CPF do doador. Há suspeitas que o canal antidemocrático tenha recebido dinheiro público.