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“Com a conversa sobre a guerra na Ucrânia chegando ao auge, os meios de comunicação dos EUA estão mais uma vez batendo os tambores. Não há nada mais grotesco do que uma mídia pressionando pela guerra”, postou Edward Snowden, que em 2013 expôs ao mundo o alcance do grampo em massa pela NSA (National Security Agency) no mundo inteiro.
O comentário de Snowden foi feito na sexta-feira (12), quando a histeria sobre a “invasão russa da Ucrânia” chegou ao clímax, com autoridades norte-americanas e a mídia imperial disputando palmo a palmo quem fabricava a desinformação maior.
“Quando você vê tweets com citações sarcásticas da multidão do think-tank lambendo botas, olhe para a proporção e lembre-se de que, mesmo que sejam barulhentos, eles são a minoria”, disse ele. “Ser pró-guerra não é inteligente, legal ou sofisticado, e sua indignação performática não muda isso”.
Como registrou o portal Common Dreams, Snowden “está longe de ser o único a detonar uma marcha da mídia em direção à guerra que foi comparada à que antecedeu a invasão do Iraque pelos EUA em 2003”.
TAMBORES DE GUERRA
“Lá vamos nós de novo”, escreveu Jeremy Scahill, cofundador do The Intercept, na sexta-feira. “Com a conversa sobre a guerra na Ucrânia chegando ao auge, os meios de comunicação dos EUA estão mais uma vez batendo os tambores.”
O repórter investigativo, que há décadas cobre as guerras dos EUA, acrescentou: “as cabeças falantes dos noticiários a cabo estão quase babando com a perspectiva de uma guerra que aumente a audiência. Funcionários aposentados do Pentágono na folha de pagamento da indústria de defesa são apresentados como ‘especialistas’, muitas vezes sem revelar seus conflitos de interesse financeiros”.
“E uma vez que o tiroteio comece, os principais especialistas vão abandonar qualquer pretensão restante de integridade jornalística e começar abertamente a torcer para ‘as tropas’, como locutores esportivos torcendo pelo time da casa”, sublinhou Scahill.
É dele também a denúncia que, enquanto isso, “os EUA são o maior traficante de armas do mundo e gastam mais em ‘defesa’ do que China, Rússia, Índia, Reino Unido, Alemanha, França, Japão, Coréia do Sul e Austrália juntos”.
HISTERIA
Por sua vez, o jornalista Joe Gill, no Middle East Eye, denunciou que “ao falar da inevitabilidade de uma guerra na Ucrânia contra a Rússia, as agências de inteligência ocidentais e seus meios de comunicação estão implantando a ideia de que a guerra já começou”.
Ele observou que “a Bloomberg até anunciou acidentalmente que a Rússia havia invadido a Ucrânia (antes de se desculpar)” e que as narrativas repetidas na mídia ocidental “são tão estrondosamente pró-ucranianas e anti-Putin que é difícil extrair do enquadramento simplista a natureza complexa do conflito”.
Gill também assinalou o papel jogado pela Casa Branca para insuflar a histeria. Como quando o conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan deu “48 horas” para os cidadãos norte-americanos deixarem a Ucrânia “por todos os meios”.
Ele acrescentou que “as narrativas repetidas na mídia ocidental são tão estrondosamente pró-ucranianas e anti-Putin que é difícil extrair do enquadramento simplista a natureza complexa do conflito”.
90 % DAS ARMAS NUCLEARES
Na mídia, quem assumiu a postura corajosa de ser contra a guerra – que envolveria as duas potências que têm 90% das armas nucleares existentes – foi abertamente difamado como “amigo de Putin”.
Um dos poucos que se atreveu, o jornalista da Associated Press Matt Lee, foi acusado por Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado, de estar querendo “encontrar consolo nas informações que os russos estão divulgando”.
Isso por ter pedido a Price que apresentasse qualquer prova, ao invés de meras palavras, sobre uma suposta ‘operação de bandeira trocada russa para servir de pretexto à invasão’. “Eu me lembro das ‘armas de destruição em massa no Iraque’, e mais recentemente, das promessas de que ‘Cabul não vai cair’”, o jornalista retrucou.
Lideranças políticas que assumiram uma posição enérgica pela resolução diplomática para a crise na Ucrânia, como o senador Bernie Sanders e a deputada Ilhan Omar, estão “navegando em um clima perigoso criado pela grande mídia – incluindo a mídia liberal MSNBC – que classifica a opinião anti-guerra como deslealdade”.
Ao comentar o embate Lee-Price, o jornalista Gill disse que esse tipo de coisa “não pode deixar de relembrar os meses febris que antecederam a invasão do Iraque em 2003″.
Será sempre um herói