STF autoriza inquérito contra Pazuello por crimes na pandemia em Manaus

Sem ação do governo federal, parentes dos pacientes fizeram filas nas portas das empresas para conseguir desesperadamente cilindros de oxigênio. Foto: Marcio James - AFP

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta segunda-feira (25) a abertura de inquérito contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pela criminosa condução da crise no Amazonas, que vive um colapso na saúde em meio à alta nos casos de Covid-19.

O pedido foi enviado ao STF pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, no último sábado (23), para apurar a omissão de Pazuello no enfrentamento da situação crítica no estado.

Pacientes morreram asfixiados devido à falta de cilindros de oxigênio medicinal em Manaus e outras cidades do Amazonas, sem que o Ministério da Saúde tomasse providências efetivas para resolver o problema.

Ao contrário, o ministro esteve em Manaus, em plena crise da pandemia na cidade, para recomendar o uso de cloroquina e outras substâncias sem eficácia para combater a Covid-19.   

“Atendidos os pressupostos constitucionais, legais e regimentais, determino o encaminhamento destes autos à Polícia Federal para a instauração de inquérito, a ser concluído em 60 dias, conforme requerido pelo procurador-geral da República, ouvindo-se o ministro de Estado da Saúde”, escreveu Lewandowski na decisão.

Lewandowski ainda definiu que Pazuello deverá prestar depoimento em até 5 dias após a intimação. Além disso, “considerando a fase ainda embrionária das investigações”, o ministro poderá marcar o dia, horário e local em que será ouvido pela Polícia Federal.

Lewandowski foi escolhido pela ministra Rosa Weber, que ocupa a presidência do STF durante o recesso, para ser relator do pedido de abertura de inquérito feito pela PGR.

O próprio governo já admitiu ao STF que o Ministério da Saúde já sabia desde 8 de janeiro que havia escassez de oxigênio para os pacientes em Manaus, uma semana antes do colapso. Mesmo assim, só a partir do dia 14 o ministro começou a se mexer com morosidade para solucionar o problema.   

“No dia 8 de janeiro nós tivemos a compreensão, a partir de uma carta da White Martins, de que poderia haver falta de oxigênio se não houvesse ações para que nós mitigássemos o problema, mas aquela foi uma surpresa tanto para o governo do Estado quanto para nós. Até então, o assunto oxigênio estava equilibrado, mas a velocidade das internações foi muito grande. O consumo quintuplicou”, alegou Pazuello.

O ministro acabou sendo pego na mentira quando disse que nunca recomendou “tratamento precoce”, ou seja, o uso de cloroquina e outras medicações sem efeito.

Pazuello pode responder judicialmente nas esferas cível, administrativa e criminal, se comprovada sua omissão.

“Considerando que a possível intempestividade nas ações do representado [Pazuello], o qual tinha dever legal e possibilidade de agir para mitigar os resultados, pode caracterizar omissão passível de responsabilização cível, administrativa e/ou criminal, impõe-se o aprofundamento das investigações a fim de se obter elementos informativos robustos para a deflagração de eventual ação judicial”, disse Aras no pedido.

O Amazonas enfrenta superlotação de hospitais e falta de insumos, principalmente de cilindros de oxigênio, para combater a pandemia.

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