“É uma equação que não tem mistério: juros altos, mercado baixo”
O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Márcio de Lima Leite, afirmou que a atual taxa de juros, de 13,75%, mantida pelo Banco Central na última reunião do Copom “é incompatível com o crescimento da indústria no país” e que a dificuldade na obtenção de crédito por parte dos consumidores de menor poder aquisitivo prejudicam o setor e a geração de empregos.
“Sabemos que não é uma conta fácil. Agora, com esse juro elevado, o mercado continuará em um processo de retração, o mercado não cresce. Tivemos paradas das fábricas, adequação de demanda. Continuaremos anunciando paradas de fábricas ou as notícias serão ainda piores se essa taxa de juros permanecer elevada? A taxa de juros hoje é incompatível com a expectativa de crescimento da indústria”, disse Márcio de Lima Leite em coletiva de imprensa.
Citando as dificuldades do setor, Leite disse que “e esta é uma equação que não tem mistério: juros altos, mercado baixo”.
Segundo balanço apresentado pela Anfavea, o setor automotivo, que já vinha apresentando dificuldades há tempos, com demissões e férias coletivas a funcionários e paralisações da produção de veículos em diversas fábricas no Brasil, teve queda de quase 20% na produção em abril.
Entre os motivos para o resultado negativo, as empresas citam a falta de equipamentos e o cenário econômico brasileiro, com a alta dos juros e da inflação, o que levou à queda nas vendas de veículos.
O período também concentrou o maior número de férias coletivas a todos os funcionários em montadoras, segundo as empresas, “para adequar a produção à demanda”.
“Em abril de 2022 houve uma crise de produção, o mercado ficou limitado pela oferta, havia filas para compras de carros”, disse Leite. Segundo ele, “o crescimento não vai acontecer com esses juros elevados. Uma das taxas mais altas do mundo”, disse.